//Naomi Hirst: “Grandes empresas tecnológicas têm de ser desmanteladas. Não podemos confiar nelas” 

Naomi Hirst: “Grandes empresas tecnológicas têm de ser desmanteladas. Não podemos confiar nelas” 

Porque é que a Global Witness se tem centrado em questões tecnológicas?

A Global Witness é uma organização não-governamental com sede no Reino Unido que efetua investigações jornalísticas. Investigamos empresas como as grandes tecnológicas para expor os efeitos nocivos das suas ações na democracia, nos direitos humanos e no ambiente. Estas são as empresas mais ricas e influentes que o mundo já conheceu, e nós achamos que elas estão a estrangular a forma como a nossa democracia funciona, a forma como comunicamos, e a forma como ligamos a informação que recebemos.

A questão central aqui é o modelo de negócio das grandes tecnologias, certo?

Sim, claro, estamos a falar de empresas com fins lucrativos e o seu único interesse é promover e encorajar o engajamento das pessoas. E sabemos, pelo trabalho que realizámos e pelo testemunho dos denunciantes da indústria, que o conteúdo mais cativante é aquele que inclina as pessoas para a raiva, para a fúria, para a conspiração, e que não conduz ao consenso nem ao acordo sobre factos. Nós precisamos desesperadamente de ferramentas para nos podermos ligar, organizar e comunicar. E acho que precisamos de exigir mais e melhor. E por isso estamos a trabalhar com uma coligação global para proteger a justiça, para apelar a todas as empresas e todos os países onde haverá eleições para que produzam planos de ação informados sobre os direitos humanos. Em termos mais gerais, trata-se de desmantelar o capitalismo de vigilância – porque estas empresas têm de ser desmanteladas. Precisamos de ter uma nova base sobre a qual construir tecnologia e ter uma experiência um pouco mais alegre e positiva do que a que vivemos todos os dias.