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A ERC disse à Lusa que até 13 de julho os títulos Nascer do Sol e Inevitável continuavam detidos pela Newsplex, depois de em 08 de julho ter sido anunciada a compra pela Alpac Capital.
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Em 08 de julho, três dias depois de o fundo português Alpac Capital ter concluído a compra da maioria do capital da Euronews, foi anunciada a compra dos títulos Nascer do Sol e i.
“Pedro Vargas David e Luís Santos, da Alpac Capital, assinaram com Mário Ramires, atual proprietário, a compra dos jornais Nascer do Sol e i como contribuição para um Portugal mais livre, mais ambicioso e mais plural”, refere o comunicado, divulgado na altura.
A Alpac argumenta a razão desta operação, salientando que “no Portugal democrático, os media sempre tiveram um papel determinante e estruturante na construção da sociedade e da democracia”, dando como “exemplos” Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão, Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso, que “foram contributos inspiradores” para se ter “um país desenvolvido, democrático e livre”.
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Contactada pela Lusa, fonte oficial da ERC salientou na sexta-feira que, “na sequência das diversas notícias veiculadas nos media, em 11 de julho, a UTM [Unidade da Transparência dos Media] questionou a Newsplex, SA, acerca das eventuais alterações à estrutura de propriedade, alertando que, caso já tivessem ocorrido, deveriam ser objeto de atualização na Plataforma da Transparência”.
Em resposta “de 13 de julho, a Newsplex, S.A., informou que a transação ainda não se tinha implementado, mantendo-se naquela data a estrutura da propriedade da sociedade ainda idêntica à que consta do Portal da Transparência dos Media”, adiantou o regulador.
De acordo com o comunicado da Alpac, “o Nascer do Sol e o i são projetos de muita coragem e resilientes, que se afirmaram e consolidaram nos últimos anos como jornais independentes, disruptivos e contra os discursos politicamente corretos”.
Por isso, “também nós não nos resignamos com um país em que os media são um setor de subinvestimento e de resultados operacionais negativos. Não tem de ser assim. Não somos jornalistas e, tal como nos nossos outros investimentos, vamos confiar numa equipa de gestão que continuará a ser liderada pelo diretor do Nascer do Sol, Mário Ramires. Sempre conscientes de que só podem existir investimentos nos media com total respeito pela independência editorial”, sublinham.
“Acreditamos que o reforço da imprensa livre é um pequeno contributo que damos para que os portugueses não desistam do seu país e reencontremos o nosso lugar na História”, concluem.
A Lusa enviou um conjunto de questões aos responsáveis do fundo para obter mais informação sobre esta operação, mas não obteve resposta.
Os títulos Nascer do Sol e Inevitável são detidos por Mário Ramires desde 2015, altura em que foi criada a Newsplex. No final de 2020, o semanário Sol mudou o nome para Nascer do Sol e o i para Inevitável.
Entretanto, em 05 de julho, a gestora de fundos Alpac Portugal anunciava a compra da maioria do capital da cadeia de televisão Euronews, após a aprovação da operação pelo Governo francês.
O valor do negócio, que tinha sido anunciado em dezembro do ano passado, não foi revelado.
“A Alpac pretende reforçar a identidade europeia do projeto, nomeadamente através do aprofundamento do diálogo com os deputados do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia em Bruxelas, e dar continuidade ao processo de digitalização dos media, assim como aos seus esforços de diversificação”, lê-se no comunicado enviado na altura, que cita ainda o presidente executivo do fundo, Pedro Vargas David, a destacar “a necessidade de amplificar a voz da Euronews no panorama mediático europeu e até mesmo além das fronteiras do continente”.
Mas apesar de os media estarem a atravessar dificuldades financeiras, estes não foram os dois únicos movimentos de aquisição no setor registados em Portugal este ano.
Em 15 julho foi anunciado que a Media9Par, subsidiária do Emerald Group para área da comunicação social do empresário angolano N’Gunu Tiny, comprou o Jornal Económico, da Megafin. O valor do negócio não foi revelado.
“A entrada no universo do grupo Media9Par representa um momento de viragem para o Jornal Económico. A partir de agora, aproveitando as sinergias com os outros meios do grupo Media9Par, o Jornal Económico vai posicionar-se como uma marca de informação dirigida a todo o espaço lusófono, com uma oferta de conteúdos cada vez mais multiplataforma, isto é, no papel, no ‘online’, no vídeo e nos ‘podcasts'”, escreveu o diretor da publicação, Filipe Alves, no editorial.
A Lusa enviou um conjunto de questões a Filipe Alves, que remeteu respostas para uma data posterior.
O Emerald Group, fundado em 2009, detentor dos direitos de publicação das revistas Forbes Portugal e Forbes África Lusófona, entrou nos ‘media’ em 2018, com o investimento numa participação minoritária (40%) no projeto português Polígrafo.
Sediado no Dubai International Financial Center (…) é uma ‘holding’ de investimentos detida exclusivamente por N’Gunu Tiny, com foco no setor financeiro, energia, investimento de impacto e inovação social, referiu ainda Filipe Alves.
Também na forja está a entrada da Media9Par no jornal Novo Semanário Original e Livre, detida pela Lapanews. A Lusa questionou a administração da Lapanews sobre as negociações, mas não obteve resposta até ao momento.
Entretanto, em 31 de maio, a Media Capital concluiu a venda à alemã Bauer de 200.000 ações da subsidiária Media Capital Rádios, no valor de 69,6 milhões de euros, esperando com esta alienação acelerar o desenvolvimento de produção audiovisual e digital.
O acordo para a venda da MCR II — Media Capital Rádios ao grupo Bauer tinha sido anunciado pela Media Capital em 03 de fevereiro.
A ERC não se opôs ao negócio, tendo remetido o seu parecer à Autoridade da Concorrência em 08 de março, a qual no dia seguinte deu ‘luz verde’ à venda pela Media Capital das rádios Cidade FM, M80, Rádio Comercial, Smooth FM e Vodafone FM aos alemães da Bauer Media Audio.
A Bauer é uma das principais emissoras de rádio comercial e digital da Europa e a MCR representa o principal grupo de rádio a operar em Portugal, detendo a Cidade FM, M80, Rádio Comercial, Smooth FM e Vodafone FM, e ainda 30 rádios ‘online’ e 60 ‘podcasts’.
A Bauer Media Audio Holding GmbH é integralmente detida pela Heinrich Bauer Verlag Beteiligungs GmbH que, segundo informação divulgada pela Autoridade da Concorrência, é a principal emissora de rádio comercial e digital da Europa, com atividade de radiodifusão, rádio ‘online’ e ‘podcasts’, e está presente em oito países europeus.
Desde 2020 registam-se ainda outros dois grandes movimentos de aquisição em Portugal.
Em 17 de setembro de 2020, durante a pandemia, foi tornado público que a Global Media Group (GMG) tinha chegado a acordo com o grupo Bel, do empresário Marco Galinha, para a sua entrada como acionista da empresa. Em 02 de novembro do mesmo ano, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) dava luz verde à operação.
Assim, em 17 de fevereiro de 2021 Marco Galinha foi eleito presidente da GMG.
Esta operação foi precedida pela entrada do empresário Mário Ferreira, dono da Douro Azul, na Media Capital: em 24 de abril de 2020, no auge do início da pandemia, a espanhola Prisa anunciou a assinatura de um memorando de entendimento com a Pluris Investments, de Mário Ferreira, para a compra até 30,22% da Media Capital, dona da TVI.
A operação concretizou-se em 14 de maio de 2020, no valor de 10,5 milhões de euros. Em 24 de novembro do mesmo ano, Mário Ferreira é eleito presidente da Media Capital.
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