//Nobel da Economia diz que EUA arriscam “cair num capitalismo clientelista”

Nobel da Economia diz que EUA arriscam “cair num capitalismo clientelista”

O economista Philippe Aghion dedica-se há três décadas a descrever o que impulsiona o crescimento económico com base na inovação. Esta quarta-feira, em entrevista à agência de notícias espanhola EFE, alertou que “sem crescimento económico inclusivo, chegam os populismos”.

São palavras deixadas pelo Nobel da Economia 2025, no dia em que a Academia sueca entregou os prémios.

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Philippe Aghion, que leciona em Paris e Londres, diz que no atual contexto político e económico, os Estados Unidos correm o risco de “cair num capitalismo clientelista, em que um grupo de empresários captura o Governo e impede a entrada de novos talentos no sistema económico”.

Para travar esta tendência, o economista defende a manutenção de uma política de concorrência eficaz, capaz de preservar os mecanismos democráticos.

“Não é possível prosperar na Europa sem imigração”

Na Europa, aponta como principal problema o facto de “não conseguir implementar inovações revolucionárias”, não há “um ecossistema adequado para tal”.

A União Europeia ficou para trás, é “uma economia de tecnologia média, enquanto EUA e China estou num patamar mais adiantado.

“Falta um mercado único, um ecossistema financeiro propício à inovação e não temos uma política industrial forte. As grandes empresas inovadoras na Europa são hoje as mesmas de há 25 anos. Isso não acontece nos Estados Unidos. Continuamos a ser uma economia de tecnologia média, enquanto os Estados Unidos ou a China deram o salto para a alta tecnologia”, acrescenta.

Apesar disso, o Nobel lembra que a Europa continua a atrair talento, supera os Estados Unidos em todos os valores que estes trabalhadores consideram importantes. O desafio é reter este talento, para isso é necessário um mercado único e um sistema educativo mais ligado ao mundo do trabalho.

O economista Philippe Aghion critica, ainda, a prática empresarial instalada na Europa, “de se livrar dos trabalhadores à medida de que eles completam 50 anos”, porque “o sistema económico beneficia da contribuição de pessoas com todas as idades”.

Sublinha ainda que “não é possível prosperar na Europa sem imigração”. São estes jovens os inovadores que o velho continente necessita. “É preciso que cheguem jovens imigrantes decididos a trabalhar, a trazer novas ideias e dinamizar a economia”.

No entanto, não basta abrir as portas. A inovação e as reformas devem ser globais, devem ser “acompanhadas de oportunidades para todos, independentemente da sua origem, para que tenham acesso a uma boa educação e proteção social. Quando o crescimento não é inclusivo, abre-se a porta ao populismo”.

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