O Novo Banco registou um prejuízo de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que compara com perdas de 212,2 milhões em igual período de 2018, e prevê que terá de pedir, pelo menos, mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução.
“Neste semestre, o Grupo Novo Banco registou perdas relacionadas com o processo de restruturação e desalavancagem de ativos não produtivos, designadamente o projeto Sertorius [imóveis], o projeto Albatroz em Espanha e o processo de venda da GNB Vida, cujo impacto negativo ascendeu a 340 milhões de euros”, explica o Novo Banco no comunicado com os resultados semestrais.
Os deputados aprovaram neste mês de julho um projeto de resolução que recomenda ao governo uma auditoria independente ao Novo Banco relativa ao período pós-resolução. A recomendação foi aprovada com os votos contra do PS. O objetivo da auditoria é perceber melhor os fatores que estão a levar o Novo Banco a pedir de forma contínua injeções de capital ao Fundo de Resolução – que está na esfera do Estado.
O Novo Banco foi criado em 2014 na sequência da resolução do BES, para ficar com parte dos ativos daquele banco. Foi vendido em outubro de 2017 ao fundo norte-americano Lone Star, que passou a deter 75% do banco, sendo os restantes 25% detidos pelo Fundo de Resolução, uma entidade gerida pelo Banco de Portugal.
No primeiro semestre deste ano, o banco registou um aumento das imparidades e provisões, que duplicaram, atingindo os 515 milhões de euros, o que compara com 248 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2018.
“Progredimos na execução da nossa estratégia de redução de ativos não produtivos”, afirma António Ramalho, presidente executivo do Novo banco, citado no mesmo comunicado.
A margem financeira melhorou para 262,5 milhões de euros de 221 milhões de euros. O produto bancário recuou 11,8% para 322 milhões de euros.
Os custos operacionais recuaram 0,4% para 241 milhões de euros, “reflexo das melhorias concretizadas ao nível da simplificação dos processos e da otimização de estruturas com a consequente redução no número de balcões e de colaboradores, tendo os custos da atividade legacy apresentado também uma redução”.
Segundo o comunicado, o Novo Banco encerrou 37 balcões em Portugal, entre junho de 2018 e junho deste ano, e saíram do banco 289 colaboradores no mesmo período. O grupo fechou o primeiro semestre deste ano com 4.728 trabalhadores a nível doméstico e 381 balcões.
No comunicado, o grupo liderado por António ramalho lembra que “tem os seus rácios de Common Equity Tier 1 [CET1] e Tier 1 protegidos em níveis predeterminados até aos montantes das perdas já verificadas nos ativos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente”. “O montante de compensação de capital estimado nas contas do semestre é de 541 milhões de euros”, refere no comunicado. “A compensação do final do ano dependerá das perdas e custos, das recuperações e das exigências de capital em vigor à data”, acrescenta.
No final de junho deste ano, o rácio CET1 do banco foi de 13,5%, acima dos 12,8% registados em dezembro de 2018, e o rácio de solvabilidade total de 15,1%, contra 14,5% no final do ano passado.
Crescimento de 3% no crédito
O Novo Banco destaca que, em termos recorrentes registou um aumento de 3,1% nos volumes de crédito para 23.790 milhões de euros, o que corresponde a mais 713 milhões de euros, “confirmando a tendência positiva alcançada no 1º trimestre 2019 [mais 0,7%; mais 168 milhões de euros], com crescimento em todas as carteiras de particulares e empresas, reflexo da normalização da atividade”.
O crédito a empresas cresceu 3,1%, tal como o crédito à habitação, enquanto no crédito ao consumo e outros fins, o crescimento foi de 2,9% no semestre.
O rácio de crédito malparado (non performing loans em inglês) melhorou para 20,7% de 27,6% em junho do ano passado.
Os recursos de clientes aumentaram 0,2% para 34.638 milhões de euros.
Atualizada às 18H46
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