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O Novo Banco defende que não cabe à sua gestão “minimizar as chamadas de capital” nos moldes que o Tribunal de Contas se refere na auditoria revelada esta terça-feira. Em reação às conclusões do relatório, o banco liderado por António Ramalho garante que “defendeu o interesse público” , tal como o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução defenderam.
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“O Novo Banco defendeu o interesse público com o cumprimento de um plano de reestruturação que levou já a 5 trimestres consecutivos de resultados positivos, garantindo assim a sustentabilidade financeira da instituição e afastando os riscos a este respeito identificados pelo Tribunal de Contas”, sublinha em comunicado enviado às redações.
Em resposta às conclusões do TdC, que não tem dúvidas de que a gestão do Novo Banco não salvaguardou o interesse público por não ter sido otimizado, e minimizado, o recurso ao financiamento do Estado, o banco diz que não lhe cabe “minimizar” chamadas de capital. “O Novo Banco considera que, por ser uma instituição singular, o interesse público tem vindo a ser definido pelas autoridades públicas competentes, a que acresce o interesse público decorrente da lei, que fixa, no caso da atividade bancária, objetivos fiduciários de elevada exigência, não cabendo, portanto, à gestão do Novo Banco minimizar as chamadas de capital nos moldes a que o Tribunal de Contas se refere”, lê-se no mesmo documento.
A instituição financeira aponta ainda que o “interesse público subjacente à venda do e a consequente cessação do seu estatuto de banco de transição determinaram a consideração do Acordo de Capitalização Contingente como um elemento essencial para assegurar a viabilidade do Novo Banco enquanto mecanismo de proteção das perdas acumuladas em ativos específicos, limitado ao mínimo para repor os rácios de capital nos níveis exigidos definidos contratualmente”. E acrescenta que “com este mecanismo, pretendeu-se preservar a estabilidade do sistema financeiro, ainda que isso implicasse um esforço público de recapitalização, o que estava já previsto desde 2017”.
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“Com efeito, ao fim de 28 auditorias especiais realizadas ao Novo Banco é de sublinhar que nem uma vez foi dada nota de qualquer incumprimento das normas de gestão acordadas com a Comissão Europeia, nem de qualquer desconformidade com a lei”, acrescenta.
Quanto aos avisos do TdC de as recomendações da auditoria realizada no ano passado não estarem a ser cumpridas, o banco que garante que “está a analisar” as mesmas, “tendo presente o momento da concessão dos créditos que originaram as perdas em questão”. O primeiro relatório do TdC, realizado no ano passado, incidiu sobre o financiamento público do Novo Banco, este último incidiu sobre a gestão da instituição financeira com o financiamento público.
Na auditoria publicada esta terça-feira o TdC avisa que há risco do Novo falhar prazo da reestruturação e de ser necessário mais injeções de capital até 1,6 mil milhões de euros. Este valor acresceria ao teto máximo de 3,89 mil milhões de euros acordado no mecanismo de capital contingente aquando da venda do Novo Banco à Lone Star em 2017. O banco já recebeu injeções de 3,4 mil milhões de euros ao abrigo desse acordo.
A instituição financeira liderada por António Ramalho alcançou em 2021 o primeiro resultado anual positivo desde que foi criada na sequência da resolução do BES, em 2014. Apesar disso, a instituição solicitou mais 209 milhões de euros ao Fundo de Resolução. O banco justificou a necessidade de injecção de capital com o impacto do novo regime de contabilidade e, sobretudo, com uma contingência relacionada com a tributação dos seus imóveis.
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