//Novo Banco diz que está a ser usado em “manobras político-mediáticas”

Novo Banco diz que está a ser usado em “manobras político-mediáticas”

O conselho de administração (CA) do Novo Banco anunciou esta quinta-feira que “não aceita e lamenta profundamente que o bom nome da instituição continue a ser usado como arma de arremesso político e/ou manobras político-mediáticas”.

Num comunicado enviado às redações, o CA do banco sublinha que “se, apesar de tudo, subsistem dúvidas sobre a criação e a forma como é gerido o Novo Banco, como transpareceu, uma vez mais, do debate parlamentar de ontem à tarde, os senhores deputados devem procurar, através de todas as iniciativas, (…) apurar tudo o que quiserem”.

Acrescenta que “o Novo Banco está disponível para tudo esclarecer”. “Mas não pode continuar a assistir a constantes manobras que só prejudicam a sua atividade, perturbam o esforço de recuperação duramente realizado por milhares de colaboradores do banco”, salienta.

O comunicado adianta que “o Novo Banco é seguramente uma das entidades bancárias mais escrutinadas, tanto a nível nacional como a nível europeu, fruto, aliás, do processo que lhe deu origem”, lembrando que “o próprio presidente executivo” esteve “por várias vezes, no Parlamento a prestar todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados”.

As polémicas em torno do Novo Banco têm-se vindo a intensificar no campo político e mediático.

Uma das polémicas centrais foi a injeção de mais 850 milhões de euros no banco, através de um empréstimo estatal, sem estar concluída a auditoria financeira que está a ser feita ao banco para apurar se os valores que têm sido pedidos pelo Novo Banco para se capitalizar são excessivos.

O primeiro-ministro, António Costa, disse no Parlamento que a injeção só seria feita após a conclusão da auditoria. Mas acabou por se saber que o Ministério das Finanças já tinha feito a transferência, o que levou Costa a pedir desculpas ao Bloco de Esquerda. O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou em entrevista à TSF que tinha havido “uma falha na comunicação” e que o contrato com a dona do Novo Banco tinha de ser cumprido.

As injeções, que podem ir até 3.890 milhões de euros, foram acordadas com a Lone Star, quando comprou 75% do Novo Banco em outubro de 2018, mediante um Mecanismo de Capital Contingente. O Fundo de Resolução ficou com 25% do banco. Na prática, o mecanismo deu à norte-americana uma garantia de cobertura por perdas que o banco sofra relativas a créditos tóxicos.

As injeções são feitas através de empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução e injeções do próprio Fundo – que se encontra na esfera pública. As injeções têm impacto no défice público. O Novo Banco pode ainda pedir cerca de 1.000 milhões de euros para se capitalizar.

A última injeção foi relativa ao exercício de 2019, ano em que o Novo Banco anunciou ter registado um prejuízo de 1.058 milhões de euros. O banco pediu uma nova injeção de 1.037 milhões de euros ao Fundo de Resolução, dos quais 850 milhões de euros vieram do Tesouro público.

Outra polémica ter sido gerada em torno da remuneração dos gestores do Novo Banco. Na terça-feira, o Correio da Manhã fez manchete com a notícia de que o Novo Banco foi o banco em Portugal que deu os bónus mais altos aos administradores. O jornal Público noticiou ontem que os gestores do banco ganharam mais 75% em dois anos. O Expresso também noticiou ontem, à tarde, que há dois anos que os administradores do Novo Banco têm direito a salários acima do limite de Bruxelas.

O Novo Banco tem vindo a implementar um plano estratégico acordado entre o governo e Bruxelas no âmbito da sua recapitalização. Desde que foi criado em 2014, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo, o Novo Banco já recebeu injeções totais de 11.263 milhões de euros. Mais de metade deste valor veio do Estado. Os contribuintes já emprestaram 6.030 milhões de euros ao Novo Banco.

Atualizada às 11H48 com mais informação

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