Foi um dos efeitos colaterais da crise financeira: hoje, o escrutínio aos bancos é cada vez maior e, por isso, as instituições financeiras são obrigadas a ter cuidados reforçados no que toca à transparência. Só a Caixa Geral de Depósitos, por exemplo, é supervisionada por onze entidades distintas, explicou Paulo Macedo, CEO do banco público, no debate que dominou a Money Conference.
Também o Novo Banco, pelo legado que carrega, tem desenvolvido esforços no sentido de ser mais transparente, sublinhou António Ramalho, presidente da instituição. Um esforço que, segundo o líder, tem resultado num aumento da reputação e da confiança dos clientes no banco.
“Esta segunda fase de reorganização do sistema financeiro, num quadro de um modelo de negócio seguramente diferente e em que a estabilização do modelo regulatório, que se julgou ser suficiente e afinal era insuficiente, encontrará o seu equilíbrio, vai haver novo desafio reputacional para os bancos, que é criarem um modelo mais transparente, mais escrutinável e mais compreensível. É uma nova fase que nos vai desafiar”, afirmou o CEO do Novo Banco.
Nesse sentido, em que o escrutínio é “claramente superior” e “mais legitimáveis”, que “coloca em causa certas tradições do sigilo bancário”, os bancos são forçados refletir mais sobre a literacia e compreensão do funcionamento da banca.
O “esforço de literacia” que o banco tem desenvolvido, continuou António Ramalho, tem resultado num reforço da reputação do banco junto dos clientes.
“Vivemos duas realidades no que toca à reputação. Por um lado tenho de conviver com um legado, que todos têm mas nós temos condições específicas. E a verdade é que há um modelo de reputação da atividade bancária como um todo que não tem qualquer tipo de semelhança com a atividade bancária específica da relação entre cliente e banco. Portugal, ao contrário da Grécia ou da rlanda conseguiu preservar a relação de confiança próxima dos bancos com os seus clientes, e portanto preservou os seus depósitos de forma consistente”, sublinhou António Ramalho.
De acordo com o líder do banco que sucedeu ao BES, a relação de confiança entre os clientes e a banca em Portugal “mantém-se muitíssimo elevada e a subir significativamente nos últimos quatro ou cinco anos”.
Nesse campo, reforçou, o Novo Banco “é um exemplo admirável, não por aquilo que eu fiz dele mas por aquilo que foi feito antes de eu chegar ao banco”. O CEO considerou ainda que é “absolutamente anormal” que um banco que esteve três anos em período de transição e resolução “acabe esse período com tantos ou mais depósitos e tantos ou mais clientes quanto os que tinha no princípio”.
A “credibilidade da instituição impressionou as autoridades europeias e levou-as a aceitar o modelo de capitalização a prestações” que o banco está a concretizar, concluiu António Ramalho.
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