//Novo Banco estaria pronto para ser vendido em 2015

Novo Banco estaria pronto para ser vendido em 2015

As contas do Novo banco estariam bem provisionadas e com uma carteira de crédito sustentada, sem necessidade de mais capital, em 2015. A conclusão é de um memorando confidencial do BNP Paribás que foi preparado com o Banco de Portugal, segundo adianta o jornal Público este sábado. A conclusão é de que o Novo Banco poderia ter sido vendido em 2015.

O BNP sustenta a conclusão numa auditoria da PwC encomendada pelo governador do banco de Portugal, Carlos Costa, para rever a divisão de ativos do BES aquando da resolução do banco. O BNP foi responsável pela primeira tentativa de venda do Novo Banco, ainda com Maria de Luís Albuquerque como ministra das Finanças, no fim de 2014. A pedido do banco de Portugal, o BNP Paribás e a PwC emitiram dois documentos diferentes no fim de 2014 e que “contrariam os fundamentos das sucessivas injeções de capital pedidas pelo Novo Banco ao Fundo de Resolução, depois da mais recente venda ao Lone Star, e que já totalizam 2,7 mil milhões de euros, dos quais 2,1 mil milhões de empréstimos do Estado”, explica o jornal Público.

A análise do BNP começou logo no dia após a resolução, a 4 de agosto de 2014, e ficou fechada a a 3 de dezembro e envolveu mais de 200 auditores da rede da PwC em Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Brasil, Venezuela e Ilhas Caimão, pelo menos, com o objectivo de “confirmar a mensuração dos activos/passivos, elementos extrapatrimoniais e activos sob gestão no momento da respectiva transferência para o Novo Banco”.

Ou seja, o banco de Portugal pretendia garantir que o Novo Banco estaria adequadamente capitalizado com os 4.9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução. A 3 de dezembro de 2014 concluiu que “no momento do início da atividade do Novo Banco, a 4 de Agosto, o respetivo balanço se encontrava ‘limpo’ dos efeitos apurados pela PwC”, com imparidades bem constituídas.

O BNP defendia a mesma conclusão no memorando, a que o Público teve acesso, em fevereiro de 2015: “o valor de 4,9 mil milhões teve por referência uma valorização conservadora do património transferido” e o Novo Banco estaria em condições de acomodar os ajustamentos necessários. o BNP refere que foram reconhecidos 2,75 mil milhões relacionados com aplicações do BES junto do BES Angola; outros 1,204 mil milhões referentes a reforço de imparidades para a carteira de crédito; 759 milhões com reavaliação de ativos imobiliários; havendo ainda uma folga de cerca de mil milhões para imparidades.

O documento defendia ainda que o banco pudesse apresentar lucros a partir de 2016 e que estes, em 2019, deveriam chegar aos 180 milhões. No fim de 2015, o banco acabaria por registar 960 milhões de prejuízos. A venda foi formalizada em outubro de 2017, já com o governo de António Costa, ao fundo Lone Star, mas com mas com a garantia de uma almofada de capital contingente de 3,9 mil milhões de euros.

O fundo pode aceder a esta almofada sempre que sejam identificadas perdas do passado mal contabilizadas, pelo que, a partir daí, o cenário de “contas limpas” defendido pela auditoria da PwC caia por terra. A gestão do Novo Banco, agora com António Ramalho à frente do banco, tem descoberto imparidades que não foram detetadas antes e estão a ser atribuídas ainda à herança do BES.

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