//Novo Banco. Fundo de Resolução com “menos certeza” quanto a pagar empréstimos do Estado até 2046

Novo Banco. Fundo de Resolução com “menos certeza” quanto a pagar empréstimos do Estado até 2046

O Fundo de Resolução tem “menos certeza” de que pagará até 2046 os empréstimos concedidos pelo Estado para financiar o Novo Banco, podendo prolongar a duração das contribuições dos bancos para o efeito, segundo o secretário-geral, João Freitas.

“A expectativa que temos é que o empréstimo que foi celebrado ontem [segunda-feira] com os bancos, com o Estado de 3.900 milhões de euros em agosto de 2014 e o empréstimo que foi celebrado com os bancos em agosto de 2014, de 700 milhões de euros, sejam reembolsados em 31 de dezembro de 2046. Quanto aos restantes temos a expectativa que também seja possível, mas neste momento temos menos certezas, sim”, disse hoje João Freitas no parlamento.

O secretário-geral do Fundo de Resolução foi ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

Quanto às menores certezas do FdR, João Freitas referia-se aos empréstimos do Estado, via Tesouro, ao Fundo de Resolução efetuados em 2018, 2019 e 2020, que, como já tinha dito na audição, se prevê que sejam “reembolsados depois de terem sido reembolsados os anteriores, do ponto de vista de hierarquia ou da prioridade de reembolso”.

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“Os contratos de empréstimo preveem que em caso de incapacidade de reembolsar a totalidade do empréstimo até 2046, a maturidade é automaticamente ajustada, de forma a garantir que os empréstimos são integralmente reembolsados com base no encargo previsível e estável sobre o setor bancário”, respondeu ao deputado Hugo Carneiro.

Assim, “fica para trás a dívida mais recente contraída junto do Estado”, no sentido em que “é reembolsada mais tarde”.

“O que a lei prevê, o que os contratos preveem, é que existirá essa receita pelo tempo que for necessário para reembolsar a totalidade dos empréstimos”, acrescentou ainda.

O Novo Banco nasceu em agosto de 2014 na resolução do Banco Espírito Santo (BES).

Em 2017, aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, foi criado um mecanismo de capitalização contingente pelo qual o Fundo de Resolução se comprometeu a, até 2026, cobrir perdas com ativos ‘tóxicos’ com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.

Como o Fundo de Resolução não tem fundos suficientes para cumprir o mecanismo, tem recorrido a empréstimos do Tesouro, de um montante até 850 milhões de euros, para depois financiar o Novo Banco.

O Novo Banco já consumiu até ao momento 2.976 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo deste mecanismo de capitalização.

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