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Os comentários de “deputados e grandes devedores” chamados à Comissão de Inquérito do Novo Banco foram o gatilho para o Novo Banco sentir necessidade de pôr os pontos nos ii e, conforme explica em nota enviada ao Dinheiro Vivo, “reduzir dúvidas sobre algumas transações que foram comentadas na Comissão de Inquérito”.
A instituição liderada por António Ramalho explica a pertinência de “permitir comparar valores comparáveis”, a fim de esclarecer as condições da venda de certos projetos nomeados no Parlamento. O que levou o Novo Banco a enviar à Comissão de Inquérito, na semana passada, “uma breve análise comparativa sobre vendas e avaliações de grandes empreendimentos verificados no mercado recentemente e valores registados nas contas do banco”.
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De acordo com a lista enviada, a instituição financeira confirma as condições e preço associados ao projeto Matinha, “imóvel ainda não licenciado cujo valor de venda foi de 140 milhões de euros, ligeiramente acima da sua valor de avaliação e cujo valor por m2 de 545 euros aparece 21% acima dos valores para transações comparáveis”. Exemplifica ainda com a herdade do Pinheirinho, no litoral alentejano, “vendida por 60 milhões de euros e abaixo do valor de avaliação mas cujo valor de venda se situa 16% acima da média verificada para os comparáveis”. E acrescenta o exercício feito para efeitos da avaliação do imóvel das Amoreiras, “ainda em posse de um fundo de investimento detido maioritariamente pelo Novo Banco, que está cerca de 12% acima do valor de imóveis comparáveis”.
O banco liderado por António Ramalho, que nesta semana recebeu mais 317 milhões de euros do Fundo de Resolução, pretende assim contrapôr as acusações de má gestão e de liderar “negócios ruinosos” de que tem sido alvo na comissão de inquérito. Na nota enviada, esclarece-se mesmo que “este exercício foi baseado em fontes públicas e de acesso geral e teve como objetivo anular qualquer dúvida existente sobre o profissionalismo e a competência da estratégia de venda de imóveis realizada pelo Novo Banco”.
O banco nascido em 2014 da resolução do BES tem em curso desde então um processo de viabilização que prevê a cobertura de perdas com ativos tóxicos através de recurso ao Fundo de Resolução, até um valor máximo de perto de 4 mil milhões de euros — de que já consumiu 87,5%. Tudo indica que o Novo Banco inverteu finalmente o ciclo de perdas, ao apresentar, pela primeira vez, lucros de 70,7 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano.
O que significa que poderá começar a dar dividendos aos acionistas, incluindo o Estado (cerca de 13%) e o Fundo de Resolução (12%) — além da Lone Star, que detém a maior fatia, na ordem dos 75%.
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A Comissão de Acompanhamento da instituição acredita que este será também o primeiro ano de resultados positivos, na ordem dos 154 milhões de euros, fixando-se o malparado nos 5% (quase metado do patamar em que estava no final de 2020).
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