//Novo confinamento tira 3500 milhões à bolsa portuguesa

Novo confinamento tira 3500 milhões à bolsa portuguesa

O novo confinamento imposto pelo combate à pandemia da covid retirou, até agora, 5% à capitalização do principal índice da praça portuguesa, o PSI20, que reúne as maiores cotadas do país. São menos cerca de 3500 milhões de euros de capitalização bolsista perdidos desde o dia 7 deste mês.

O PSI20 fechou na sexta-feira a valer 71,34 mil milhões de euros, segundo dados da Thomson Reuters. Mas ainda assim, regista um ganho de quase 3%, desde o início de 2021. A queda na última semana compara com a descida de apenas 0,1% do índice europeu STOXX 600 e espelha a convicção dos investidores de que o fecho do país vai reforçar a crise económica em Portugal e pesar muito nos lucros das empresas cotadas.

Não se verifica, ainda assim, o nível de medo a que se assistiu em março de 2020, quando foi decretado o primeiro confinamento e não havia praticamente informação sobre o novo coronavírus. Até porque, segundo analistas, há uma diferença significativa face ao início do ano passado: o apoio e os fortes estímulos do Banco Central Europeu.

“As recentes medidas de confinamento anunciadas pelo governo de António Costa voltam a colocar as bolsas sob pressão e é importante olhar para o que aconteceu em 2020, quando foram introduzidas pela primeira vez as medidas de confinamento em Portugal e em grande parte dos países europeus, quando assistimos a fortes correções nos principais índices. O PSI20 acabou por não ser exceção, chegando a registar perdas na ordem dos 30%”, recorda Henrique Tomé, analista da corretora XTB.

Desta vez as perdas são inferiores, mas ainda assim refletem um certo grau de preocupação por parte dos investidores quanto aos efeitos das novas medidas restritivas na economia portuguesa – nas empresas e no emprego. “Estas medidas poderão ter um impacto menor do que aquele a que assistimos em março do ano passado. Existe muito mais informação sobre o vírus e o pânico dos investidores poderá ser muito menor”, indica o mesmo analista. “Por outro lado, setores como o financeiro, o do comércio, o turismo e a restauração voltam a ficar mais expostos com as medidas de confinamento e essa pressão poderá refletir-se na valorização, a curto prazo, dos seus títulos se estiverem cotados em bolsa”, alertou Henrique Tomé.

Na análise de Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, “algumas empresas, nomeadamente dos setores mais sensíveis ao distanciamento social, como viagens, lazer, restauração e hotelaria, irão ser novamente penalizadas e a vulnerabilidade financeira destas empresas é crescente”.