Luís Pedro Martins, ex-diretor executivo da Torre dos Clérigos, foi eleito presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal. A lista única que encabeçou conseguiu 71 votos a favor, em 73 votantes. Houve dois votos em branco.
O licenciado pela Escola Superior de Artes e Design foi eleito para um mandato de cinco anos. Sucede no cargo a Melchior Moreira, atualmente em prisão preventiva no âmbito da operação “Éter”, uma investigação da Polícia Judiciária sobre uma alegada viciação de procedimentos de contratação pública que culminou com a indiciação de cinco arguidos.
Em entrevista à Renascença, Luís Pedro Martins lê os resultados da votação como um sinal de vontade de trabalhar a credibilidade do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Defende que há espaço para fazer crescer a oferta e a procura turística na região. Uma das prioridades será atrair os turistas que procuram a cidade do Porto para regiões como o Douro, Trás-os-Montes e o Minho.
Depois da eleição, quais são os objetivos para este mandato à frente do Turismo do Porto e Norte?
Estou satisfeito por esta excelente votação. Pelo que sei, foi uma das maiores votações de sempre. Isto traz-nos, obviamente, uma grande responsabilidade. Isto é um sinal claro que as entidades envolvidas – tanto os municípios, como os privados – querem dar um sinal de que estão com o Turismo do Porto e Norte e estamos juntos para começar o trabalho.
Começar por trabalhar a credibilidade da entidade, que está um pouco afetada. Mas isso é passado e nós vamos trabalhar para o futuro, isto é, dar um forte contributo para que, através do turismo, a economia desta região possa crescer, com o objetivo muito claro de trabalharmos para as pessoas, quer sejam os que aqui vivem, mas também aqueles que aqui trabalham e que investiram na área do turismo e, também para aqueles que nos visitam e que nos irão permitir, de facto, esse crescimento.
Agora, é altura de entrar na casa, conhecer o território, tentar percorrê-lo em poucos dias e conversar muito com municípios, com as comunidades intermunicipais, com as entidades privadas e elaborar o nosso plano de ataque.
“É possível crescer muito mais. Temos tudo no Norte”
“É possível crescer muito mais. Temos tudo no Norte”
A região tem recebido vários prémios e o turismo está em crescimento. Mas também há quem diga que, nomeadamente na cidade do Porto, há turismo a mais. É possível encontrar aqui um equilíbrio?
Não partilho dessa visão de excesso de turismo. Não nos podemos queixar das duas coisas. Não nos podemos queixar de que não havia turismo e agora dizer que há excesso de turismo. Só quem não conhece outras cidades, onde aí sim há turismo em excesso, pode dizer isso. Estamos ainda a muitos milhares de turistas para que isso possa acontecer.
Agora, obviamente que vamos tentar que aquele que é um dos polos de atração de turistas, que é o Porto, que se permita distribuir os turistas por toda a região. Essa vai ser uma prioridade. Tentar levar os turistas a conhecer, também, outras partes da região que consegue ter de tudo: mar, rio, experiências gastronómicas fantásticas, paisagens belíssimas, muito património cultural, turismo religioso. Temos tudo aqui no Norte. E é isso que vamos tentar apresentar, para que todos os turistas que aqui chegam possam sair plenamente satisfeitos. E que possam regressar ou, pelo menos, recomendar.
E é possível crescer ainda mais?
É possível crescer muito mais. Nós temos zonas como o Douro, Trás-os-Montes, o Minho, o Alto Douro, que são das melhores paisagens do país, com ofertas fantásticas e que ainda não são conhecidas do grande turismo ao nível mundial. Quando passarem a ser, irão crescer muito mais.
Referia-se, no início da nossa conversa, a uma credibilidade afetada. De que forma é possível recuperar essa credibilidade?
A votação nestas eleições é um grande contributo para iniciarmos este trabalho. Confesso que o facto de só ter existido uma mesa de votação, ser este um dia de Inverno, e quando no passado existiam seis mesas espalhadas pela região, fiquei um pouco preocupado em saber qual seria o sinal que ia ser dado. O sinal não podia ter sido melhor. Ou seja, as pessoas que compõem a entidade resolveram dar as mãos, juntarem-se a nós e dizer que que estão aqui connosco para trabalhar. Mas não vou fazer mais comentários sobre o passado. O que nos interessa é o futuro e colocar o Turismo do Porto e Norte no rumo certo.
O facto de ter sido diretor executivo da Torre dos Clérigos, um dos ex-libris turísticos da região, vai ajudá-lo nestas novas tarefas?
Obviamente que sim. Nunca o escondi, antes pelo contrário. Foi uma experiência fantástica, uma experiência de uma vida, ter tido a oportunidade de participar numa equipa liderada pelo padre Américo Aguiar. Em boa hora juntou aqui uma equipa em torno deste monumento.
No espaço de quatro anos passamos quase de 100 mil visitantes por ano, para um milhão e 300 mil, colocando-o nos primeiros lugares a nível nacional. Claro que tudo isto foi resultado de muito trabalho e esse trabalho espero que tenha sido útil para aprender bastante sobre esta área do turismo e, agora, também poder aplicá-lo. Mas sem dúvida que foi uma grande ajuda para agora chegar aqui onde estou.
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