//Novo sistema português permite entrada de novos comboios no país

Novo sistema português permite entrada de novos comboios no país

Há menos um obstáculo para a entrada de novos comboios na rede ferroviária em Portugal. Várias empresas do setor, lideradas pela portuguesa Critical Software e pelo ramo português da Hitachi Rail, criaram uma solução, lançada esta quarta-feira, para tornar novos comboios compatíveis com a sinalização utilizada em Portugal.

A circulação ferroviária é controlada por sistemas de sinalização e de controlo de velocidade, com diferentes graus de digitalização.

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Portugal utiliza o sistema Convel — abreviação de Controlo Automático de Velocidade —, desenvolvido na década de 1980 pela Bombardier (atual Alstom), enquanto a União Europeia desenvolveu, nas últimas décadas, um padrão europeu para os sistemas de sinalização e proteção automática de comboios. Esse Sistema Europeu de Gestão do Tráfego Ferroviário (ERTMS, na sigla em inglês) inclui o Sistema Europeu de Controlo Ferroviário (ETCS), cuja instalação é obrigatória em todos os novos comboios e novas linhas construídas.

Até agora, essa obrigatoriedade tornava inviável a circulação de novos comboios em Portugal, porque o sistema Convel já não é fabricado e não existia nenhum módulo que permita o sistema português comunicar com o ETCS. O sistema apresentado esta quarta-feira no Poceirão responde a essa falha.

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“É um sistema que está definido a nível europeu, especificado como é que tem que funcionar e que nós estamos a desenvolver aqui para Portugal, para funcionar com as balizas antigas que estão instaladas na linha e que permitem fazer a transição entre o sistema que está atualmente na linha, o sistema desenvolvido na altura pela Bombardier, e o novo sistema“, explica Luís Gargate à Renascença, sublinhando que, sem ETCS nas linhas portuguesas, “é necessário este sistema existir a bordo de todos os comboios novos ou antigos, para que se possa para que se possa operar os comboios em Portugal”.

O responsável pela divisão da Critical de sistemas para a ferrovia afirma que o módulo de transmissão específico (STM) permite a interoperabilidade de comboios entre os vários países europeus, facilitando a ida de comboios portugueses a Espanha, e a entrada de comboios espanhóis em Portugal. Isto antes de o ETCS chegar às linhas portuguesas: só a Linha da Beira Alta, quando abrir após as obras de renovação e modernização, e a nova linha entre Évora e Elvas contam com este sistema no futuro próximo — no mínimo, em 2026 —, além das futuras linhas de alta velocidade.

Segundo a Critical, o módulo agora desenvolvido já tem 100 unidades encomendadas. Entre essas estão os módulos para os 22 novos comboios comprados pela CP à Stadler para serviços regionais, cuja entrega não vai acontecer no prazo previsto — o contrato previa o início das entregas dos comboios à CP em outubro de 2025.

Antes do desenvolvimento deste módulo, esforço a que a Stadler se juntou com a Medway e a empresa de leasing Alpha Trains, a única hipótese seria comprar módulos do Convel à Bombardier, entretanto comprada pela Alstom, concorrente da Stadler.

“Este sistema trabalha em conjunto com o ETCS, portanto o sistema já deriva de uma norma europeia, e os comboios novos da CP, pelo menos os 22 comboios que a CP comprou à Stadler serão equipados com esse sistema e novos futuros comboios, ou seja, os 117 que foram adjudicados poderão também vir ser equipados com este sistema”, aponta Luís Gargate, já que “algum sistema vão ter de ter”.

O módulo desenvolvido pela Critical está agora em fase de testes, prevendo-se a certificação em 2026. “Esse processo acaba por levar tempo porque implica a disponibilidade da linha, a disponibilidade de entidades externas, fazer muitos testes, eventualmente repetir alguns”, admite Luís Gargate.

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