//Número de utentes por médico só será reduzido quando 99 por cento tiver médico de família

Número de utentes por médico só será reduzido quando 99 por cento tiver médico de família

Foi uma promessa eleitoral da última legislatura que agora passa para 2020: atribuir médico de família a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde. Agora o governo prefere falar em “equipa de saúde familiar” e, de acordo com a versão preliminar do Orçamento do Estado, só haverá diminuição do número de utentes por médico quando 99 por cento da população tiver equipa de saúde atribuída.

De acordo com o relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, divulgado em julho, haverá 700 mil pessoas sem médico de família atribuído. “Em 2020 o Governo toma as medidas adequadas para concretizar a meta de que todos os utentes tenham uma equipa de saúde familiar atribuída”, lê-se agora na proposta de Orçamento do Estado.

A equipa de saúde familiar deve incluir um médico e um enfermeiro. Em outubro a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que 70 por cento das equipas de saúde familiar já têm enfermeiro e estimou em quatro anos o prazo para todo os portugueses terem uma equipa de saúde familiar atribuída.

Para além de voltar a prometer cobertura total de médicos de família, o Orçamento para 2020 também determina que só haverá revisão do número de utente por médico quando existir uma cobertura quase total. “Quando a taxa de cobertura total de utentes com médico de família for igual ou superior a 99 % é iniciada a revisão da dimensão da lista de utentes inscritos por médico de família”, lê-se no articulado.

Atualmente, um médico de família tem em média 1600 utentes atribuídos. Há mais de um ano que a associação de médicos de família e a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) estão a trabalhar em novos critérios para definir quantos utentes deve ter um médico de família. Pretendem contemplar 21 novos indicadores de forma a ajustar a complexidade ao tempo e ao trabalho que o clínico tem de despender com cada utente. Mas essa revisão, a julgar pelo OE, terá de esperar pela cobertura praticamente total da população.

De resto, o grosso das novidades orçamentais para a Saúde já foi anunciado na quarta-feira, depois de um conselho de ministros dedicado só a esse sector, que terá um reforço de verbas na ordem dos 800 milhões de euros. No plano das cativações, a situação também não se altera. “Não são aplicáveis cativações às entidades integradas no SNS e ao Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, bem como às despesas relativas à aquisição de bens e serviços que tenham por destinatárias aquelas entidades”, lê-se na proposta que exclui ainda de cativações as dotações destinadas ao Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, ao INEM, I e à Direção-Geral de Saúde.

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