//“O turismo é que tem de se adaptar à comunidade”, diz investigador

“O turismo é que tem de se adaptar à comunidade”, diz investigador

“Em Portugal e na opinião pública, o turismo é sempre analisado com uma perspetiva muito superficial. Normalmente analisa-se o número dos turistas que chegam, a evolução de ano ara ano, a ocupação hoteleira, sem fazer uma análise mais fina aos impactos que o turismo tem na melhoria ou na pioria das condições de vida das pessoas que residem nos destinos turísticos”.

É assim que o investigador João Vaz Estêvão justifica, em entrevista à Renascença, a necessidade de uma discussão mais aprofundada, do ponto de vista de quem “recebe”, dos efeitos que os empreendimentos turísticos têm no desenvolvimento das comunidades, nomeadamente rurais e do Interior.

Discussão que vai ser feita nos próximos dois dias (11 e 12 de maio) em Lamego, durante a primeira edição do HINTS – Simpósio sobre Turismo patrimonial e Inclusivo, com vários especialistas nacionais e estrangeiros. O objetivo é analisar “criticamente” o que está a ser feito a nível global, apontar boas práticas e sugerir correções.

Turismo pode ser o melhor amigo ou o pior inimigo do desenvolvimento local

João Vaz Estêvão recorda que a OMT – Organização Mundial do Turismo – no dia 27 de setembro (Dia Mundial do Turismo) deu o mote para todo o ano: O Turismo e o Desenvolvimento Inclusivo. Esta é uma atividade que gera sempre alguma riqueza – “mal seria se não gerasse” – mas na opinião do investigador falta aplicar o conceito de “custo de oportunidade”. Ou seja, a riqueza que se poderia gerar se fosse pensado, planeado e estruturado de outra forma.

“E na realidade estamos muitos longe de ter um turismo pensado nas pessoas que moram no destino. Temos uma visão muito pueril, mesmo ao nível dos poderes de decisão: pensamos que qualquer crescimento turístico é intrinsecamente positivo. E na realidade, tanto pode ser o melhor amigo como o pior inimigo do desenvolvimento local, sobretudo nas áreas mais rurais”.

João Vaz Estêvão recorre às estatísticas para fundamentar a sua ideia: “Se há destinos em que as pessoas ficam 1 ou 1,5 noites e se a taxa de ocupação hoteleira é baixa, estes dados deviam indicar que naquele destino não são precisas mais camas. Arranjar mais hotéis/alojamentos só vai dificultar a vida àqueles que têm ou exploram hotéis. Se calhar, o que e preciso é criar atrações turísticas, que trazem mais turistas e fazem com que eles fiquem mais tempo”.

Ver fonte

TAGS: