//Obras e material levam 66% das verbas para qualificações

Obras e material levam 66% das verbas para qualificações

Dois terços das verbas dedicadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) à melhoria das qualificações e competências do país vão ser investidos na construção e no apetrechamento de instalações para formação. São 873,6 milhões de euros, mais de 5% dos fundos totais da bazuca destinada a Portugal, segundo cálculos do Dinheiro vivo com base na documentação entregue pelo governo a Bruxelas.

Para aquele que é reconhecido como “o maior défice estrutural do país”, onde 25% dos adultos não foram além do 9.o ano, o plano dedica 1324 milhões de euros, programando investimentos que poderão apoiar 249 760 pessoas em formação, contas feitas à informação disponibilizada.

Se a maior fatia será gasta em obras e equipamentos, a segunda maior, de 230 milhões, irá para apoios à contratação pelas empresas. Sobram cerca de 91 milhões para incentivos a alunos e entidades formadoras, com o remanescente a suportar recursos humanos e outros custos de formação, e ainda a criação de novos clubes da Rede Ciência Viva nas escolas. Serão cerca de 130 milhões de euros, nos cálculos do Dinheiro Vivo.

Aposta tecnológica

A grande aposta do PRR para as qualificações é feita no ensino tecnológico. Chegou a ter mais de 62 mil alunos no início deste milénio, mas contava já com pouco mais de 3500 alunos no ano letivo de 2018/2019, nos dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência. Atualmente, há mais de 500 cursos de especialização tecnológica autorizados a funcionar, oferecendo formação pós-secundário não superior. O governo pretende investir 480 milhões de euros na construção ou renovação e apetrechamento de 365 centros tecnológicos especializados, nas áreas industrial, das renováveis, informática e digital. O objetivo é criar capacidade para ter em formação 60 mil pessoas.

Haverá também 230 milhões de euros para modernizar centros de formação do IEFP, novamente com gastos apenas para construção e requalificação de instalações e para a aquisição de equipamentos. O objetivo é ter mais 22 mil postos de formação. E haverá ainda 13,8 milhões de euros para modernizar 17 escolas profissionais dos Açores.

A despesa em infraestruturas e equipamentos é também significativa no investimento para alargar oferta no ensino superior. A criação de novos cursos de formação inicial e de cursos de pós-graduação para adultos, na medida Impulso Adultos (23 mil vagas), deverá mobilizar 76,8 milhões de euros para instalações e equipamentos. Já a criação de nova formação superior nas áreas das ciências, tecnologia, engenharia, artes e matemática para jovens, na medida Impulso Jovens STEAM (10 mil vagas), prevê outros 73 milhões para obras e material. Em ambos os casos, trata-se de 60% dos gastos com as medidas.