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A OCDE alerta nesta quinta-feira os gestores de dívida pública para os riscos de uma eventual subida de preços, num cenário de recuperação económica, levar à inversão das políticas adotadas pelos bancos centrais e fazer escalar os juros.
No primeiro capítulo do relatório da organização sobre o que deverá ser a evolução do endividamento público na espaço OCDE neste ano (o documento integral será conhecido em abril), é estimado que a pandemia – com maiores necessidades de financiamento dos Estados aliadas ao recuo económico – faça subir o rácio da dívida pública no grupo para os 90% do PIB até ao final do ano.
Será uma escalada em 20 pontos percentuais, com ponto de partida no final de 2019. Mas o salto poderá ser ainda bem maior, dependendo da necessidade de manter medidas de confinamento e apoios para responder à situação sanitária da Covid-19.
Se os custos das novas emissões estão largamente a recuar – notavelmente, na UE e na área do euro, com a ação do Banco Central Europeu -, a OCDE alerta que “um risco é o de que, à medida que as economias melhoram, tal possa gerar inflação e os bancos centrais possam começar a reduzir o grau de acomodação, em particular diminuindo as compras de obrigações”. O risco maior é que tal coincida com o momento em que os gestores de dívida realizam as suas operações de refinanciamento perante o termo de maturidades, refere.
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O documento aconselha os gestores de dívida pública a avaliarem bem a procura dos investidores e a diversificarem fontes de financiamento e instrumentos de dívida.
O relatório conclui que os bancos centrais foram no último ano responsáveis pela compra de mais de metade dos novos instrumentos de dívida emitidos em 28 países da OCDE. Foram 4,5 biliões de dólares de compras nas principais instituições. Em países como Suécia e Japão, detêm agora 45% do stock da dívida pública, sendo que na UE a percentagem ronda os 20%.
Tal implicou que, apesar da pandemia e dos impactos altamente volúveis sobre as economias dos países, os indicadores de custos da dívida mantiveram-se a recuar, estando muitos em terreno negativo.
No caso de Portugal, num ano as yields das obrigações a 10 anos sofreram uma redução em 0,37% (foi de 0,16% nos títulos a dois anos), estando entre os países do grupo da OCDE com melhores evoluções. Contudo, atrás das poupanças virtuais medidas no mercado secundário registadas em Itália, Grécia ou Espanha.
Para as obrigações a dez anos de Itália, a descida foi de 0,84%, a mais acentuada nos países do sul europeu. Os títulos gregos a 10 anos, por seu turno, viram as yields cair 0,83%, e as de Espanha recuaram 0,40%.
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