A bolsa portuguesa perdeu dois terços das empresas cotadas entre 1997 e o final do ano passado, apesar da melhoria do ambiente macroeconómico global nos últimos anos.
A conclusão é do relatório ‘OECD Capital Market Review Portugal 2020 – Mobilising Portuguese Capital Markets for Investment and Growth’, que foi divulgado esta sexta-feira.
Uma das soluções avançadas pela OCDE para contrariar esta tendência e empresas públicas avançarem para a bolsa.
“Não obstante as condições macroeconómicas globalmente favoráveis, nos últimos anos não se registaram melhorias significativas na utilização de financiamento baseado no mercado por parte das empresas portuguesas não financeiras”, salienta o documento da OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
“Com efeito, todos os anos desde 2008, o número de empresas que saíram do mercado acionista ultrapassou o número de novas inclusões, o que resultou numa diminuição do número total de empresas cotadas”, destaca.
Segundo o relatório, “no final de 2019 existiam apenas 47 empresas cotadas na Euronext Lisboa, o que representa apenas um terço do número de empresas cotadas em 1997. Embora se tenha observado uma tendência semelhante em vários países europeus, o mercado português tem sido um dos mais afetados”, observa.
Frisa que, “ao mesmo tempo, a utilização de obrigações de empresas tem sido também bastante limitada com menos de dez empresas não financeiras a emitir obrigações de longo prazo nos últimos três anos.”
O recurso ao mercado de capitais por parte de empresas públicas pode ser uma solução, diz a OCDE. “Ao contrário de muitos outros países europeus, nenhuma das grandes empresas públicas portuguesas está cotada”, recorda.
“Para estimular o desenvolvimento do mercado de capitais, o governo pode incentivar a cotação das empresas públicas que são consideradas mais adequadas de um ponto de vista macroeconómico e estrutural, o que, por sua vez, ajudaria a obter uma dimensão e uma visibilidade críticas do mercado
acionista junto dos investidores institucionais internacionais”, aponta.
Lembra que “Portugal tem também um número importante de grandes empresas não cotadas,
incluindo empresas do setor financeiro – nomeadamente companhias de seguros – que
não enfrentam quaisquer restrições de dimensão para a sua cotação”.
Para aumentar a atratividade do mercado acionista nacional, “o governo pode considerar a introdução de um sistema de crédito fiscal para os custos relacionados com as cotações iniciais, bem como as ofertas de capital secundário por parte de empresas já cotadas”, propõe aquela organização.
Destaca que “esse sistema permitiria às empresas deduzir os custos de cotação, incluindo quaisquer custos de serviços de consultoria, face ao imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas a
pagar até um determinado montante”.
Atualizada às 11H42 com mais informação
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