O presidente da Associação Empresarial de Porugal (AEP) defende que o setor privado deve seguir os aumentos da Função Pública.
Em declarações à Renascença, Luís Miguel Ribeiro lamenta a falta de incentivos à retenção de talento, o facto de não se ter ido mais longe na descida do IRS e, ainda, a insuficiência dos apoios à fatura energética das empresas.
Ainda assim, o líder da AEP acredita que os privados vão acompanhar o Governo com aumentos a rondar os 5%, mas não por via da redução do IRC.
“Não há nenhuma empresa que vá aumentar salários pelo facto de poder ter um benefício fiscal ou majoração por isso, mas porque sabem que um trabalhador com melhor remuneração é mais motivado, mais empenhado. Agora, essa razão pode ajudar a mitigar o acréscimo de custo e de esforço na vida das empresas”, diz Luís Miguel Ribeiro.
Ainda assim, Luis Miguel Ribeiro acredita que em 2023 os salários também vão subir no privado, em linha com o que foi anunciado para a Função Pública: “Baseado em questões em concreto: a necessidade das empresas contratarem e contratarem pessoas qualificadas, face à maior escassez no mercado, e naturalmente farão uma maior atualização dos vencimentos, porque sabem que se não o fizerem correm o risco de verem as pessoas saírem”.
Por outro lado, o presidente da AEP lamenta a falta de ambição na retençao de talento: “Há benefícios à contratação de jovens, mas não chegam”, constata.
Despesas com a energia também preocupam os empresários
Os três mil milhões de euros anunciados pelo ministro do Ambiente para baixar as facturas das empresas são importantes, mas “não serão suficientes”. Luís Miguel Ribeiro diz que “é preciso percebermos como é que vai ser: como é que o controlo vai ser feito; como é que se vai reflectir na fatura que vai chegar às empresas; como é que este apoio vai chegar às empresas, se é na fatura ou se é posteriori?”
A AEP lamenta ainda os atrasos na execução do PRR, que estão a afastar empresários destes fundos e podem implicar perdas para o país.
Muitos empresários exportam e têm relações comerciais com países que já estão ou vão entrar em recessão.
Para Luís Miguel Ribeiro, o OE 2023 é “otimista” e “pouco ambicioso” na proteção às empresas.
“O Governo foi bastante otimista no cenário macroeconómico que apresentou. Esperemos que tenha razão, mas devemos estar preparados para cenários mais desafiantes”, acrescenta.
Tendo em conta o cenário de recessão anunciado por vários países e a incerteza sobre a guerra, a inflação e os juros, Luís Miguel Ribeiro não tem ilusões: os empresários devem esperar o melhor, mas preparar-se para o pior.
Deixe um comentário