O próximo Orçamento do Estado de Portugal está a ir na “direção errada” em matéria de dívida pública, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com uma dívida superior a 120% do Produto Interno Bruto (PIB), Portugal deve continuar a apostar na consolidação e não na expansão orçamental, defende um relatório divulgado esta quinta-feira.
O FMI também aponta algumas “vulnerabilidades” da economia portuguesa, entre as quais a “forte valorização dos preços dos imóveis”.
No relatório sobre a zona euro, ao abrigo do Artigo IV, o FMI afirma que “vulnerabilidades financeiras podem estar a emergir”, referindo que em certos locais, designadamente em algumas áreas em Portugal, os desequilíbrios entre a oferta e a procura “estão a impulsionar uma forte valorização do preço dos imóveis residenciais ou comerciais”.
O Fundo refere ainda que “vários países com dívidas elevadas, incluindo Itália, Portugal e Espanha, continuarão a ajustar-se apenas pouco ou nada este ano”, e refere que as projeções da Comissão Europeia apontam para “pouco ou nenhum ajustamento” na Bélgica, França, Itália, Portugal e Espanha.
“Lamentavelmente, os planos orçamentais nacionais estão a fazer muito pouco ou vão na direção errada”, lê-se no relatório.
Os riscos globais para a zona euro são crescentes e é preciso aproveitar o atual crescimento económico para fazer reformas estruturais, defende a instituição liderada por Christine Lagarde.
Uma dessas ameaças é a saída do Reino Unido da União Europeia. O FMI prevê que uma saída “dura” da UE em 2019 possa ter um efeito negativo na economia comunitária de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) conjunto a longo prazo.
O FMI refere que os efeitos nos diferentes países seriam díspares em função da sua ligação ao Reino Unido e situou a Irlanda, Holanda e Bélgica como os mais afetados.
“Bons tempos estão a acabar”
Em declarações à Renascença, o economista João Duque constata que “o FMI chama à atenção que os bons tempos da Europa estão um pouco a acabar e, quem mais vulnerável estiver, mais vai sofrer, não chamo na recessão, mas quando a economia estagnar o seu crescimento”.
João Duque considera que o Orçamento português está muito dependente de receitas que dependem do consumo das famílias.
“O abrandamento da economia, especialmente num Orçamento como o nosso, muito dependente dos impostos indiretos, se abrandar o consumo, o IVA tem um arrefecimento grande e nós ficamos logo muito destapados no Orçamento. Se em cima disto pusermos um acréscimo do custo da dívida, vamos ficar outra vez com um problema de défice”, sublinha.
[notícia atualizada às 23h50]
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