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Os interesses da ANA “colidem com os do país” e têm alimentado uma discussão sobre o novo aeroporto que culmina agora com declarações ofensivas aos engenheiros portugueses. É assim que reage Carlos Mineiro Aires, bastonário dos Engenheiros, às declarações de José Luís Arnaut,, acusando o seu antecessor de defender Alcochete “de forma quixotesca” e como se de um Lego se tratasse.
“Há algumas pessoas, como o ex-presidente do LNEC Matias Ramos, que discutem de uma forma quixotesca esta questão dos custos (…) que nunca construíram um aeroporto nem do Lego. A Vinci nos últimos quatro anos fez três aeroportos. Temos de ter em consideração as infraestruturas aeroportuárias, o pagamento das expropriações do terreno, custos de acessos e do material circulante. O nosso valor global [para Alcochete] anda na casa dos 7 mil milhões de euros. E sabemos o que está assinado com o Governo e que é esta primeira fase do Montijo: 600 milhões de euros”, responde o antigo ministro de Durão Barroso e atual presidente da gestora aeroportuária, numa entrevista ao Público e à Renascença.
Numa declaração enviada ao Dinheiro Vivo, o bastonário lamenta profundamente “a ligeireza das palavras” do responsável e diz não poder permitir que “os interesses de uma concessionária, que colidem com os de Portugal, e por essa razão, têm motivado polémica, possam colocar em causa a credibilidade da engenharia nacional e o fomentar o desrespeito pelos engenheiros portugueses”. O bastonário repudia a postura doo líder da ANA, considerando que, “de forma leviana, colocam em causa as competências técnicas, a credibilidade profissional e a honra reputacional do anterior bastonário desta Ordem Profissional”.
Ao Dinheiro Vivo, recorde-se, quer o atual líder dos engenheiros quer o seu antecessor rejeitavam uma solução para a Portela que passasse pelo “remendo Montijo”. Num trabalho publicado no sábado, Carlos Mineiro Aires e Carlos Matias Ramos, que estiveram envolvidos nos estudos feitos para o novo aeroporto de Lisboa, defendiam que a construção de uma infraestrutura de raiz em Alcochete “é uma solução muita mais favorável que o Montijo”, que será “uma solução de remendo sem qualquer futuro”. Defendiam ainda que os valores de que a ANA falava não contavam toda a história.
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Além de bastonário dos engenheiros, “Carlos Matias Ramos foi presidente e vice-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), onde desenvolveu uma longa e prestigiada carreira nas áreas de estruturas hidráulicas, hidráulica fluvial, mecânica de fluidos e recursos hídricos, sendo ainda docente e consultor reconhecido internacionalmente”, realça a Ordem, lembrando que o ex-líder “pauta a sua atuação por elevação e exigências éticas e deontológicas, sobretudo no que diz respeito a conflitos de interesses no exercício da profissão”.
A Ordem lamenta ainda que, “não contente por ao longo de todo o processo de seleção da solução aeroportuária ter conseguido evitar o envolvimento da engenharia portuguesa, José Luís Arnaut – apesar de vir agora reclamar apoios públicos para um investidor privado, a ANA/Vinci, mudando radicalmente o discurso que assumia quando o negócio corria bem – não cuidou de tratar educadamente um prestigiado engenheiro que sempre serviu a causa pública, da melhor forma que o conseguiu fazer, e que como cidadão tem todo o direito de manifestar a sua opinião, sobretudo em assuntos que conhece e são de interesse nacional”.
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