//Os mais afetados pela pandemia são os mais vulneráveis em termos sociais

Os mais afetados pela pandemia são os mais vulneráveis em termos sociais

A publicação vai ser apresentada na próxima semana, em sessão virtual, que conta com um comentário da economista Susana Peralta, e posteriormente no congresso da Associação Portuguesa de Sociologia.

Com 16 textos, a publicação foi organizada por Renato Miguel do Carmo, Inês Tavares e Ana Filipa Cândido, no quadro do Observatório das Desigualdades, do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa.

Os autores analisaram o impacto da pandemia em setores como educação, saúde, relações de intimidade, habitação, ambiente, desigualdades linguística e étnica, arte e cultura, ensino superior, investigação científica e género.

Em texto de síntese, Inês Tavares e Ana Filipa Cândido apontam três desafios estruturais, a saber, reprodução e aumento de desigualdades sociais, expansão do teletrabalho e videovigilância.

Sobre o primeiro destes temas, as investigadoras sustentam que quem mais sofre nesta crise sanitária são as pessoas com “menos capitais sociais, económicos, culturais e simbólicos, na medida em que, por um lado, são as mais afetadas pela própria doença e, por outro lado, são as que sofrem mais consequências económicas e sociais negativas no presente e, previsivelmente, no futuro”.

Para justificar que “o vírus não afeta de igual forma os indivíduos”, as investigadoras referem que “as diferenças são estruturalmente sociais”, uma vez que “as desigualdades sociais pré-existentes, vitais e de recursos, interferem na exposição ao vírus, na forma como as sociedades lidam com as consequências sociais imediatas da pandemia e nas suas consequências em termos de exacerbamento ou surgimento de novas desigualdades”.