
A reação às medidas de contenção impostas para responder à pandemia foi rápida. A digitalização das empresas portuguesas atingiu um aumento histórico nos últimos meses, uma tendência que se mantém nas férias e, segundo a entidade que gere o domínio “.pt” no país, “veio para ficar”.
Em declarações à Renascença, Luísa Ribeiro Lopes, presidente do conselho diretivo do .PT, fala num crescimento que ronda os 25% este ano, já contando com julho, um mês tradicionalmente de férias, que habitualmente regista um decréscimo nos novos registos.
No passado mês, os novos registos aumentaram mais de 17%. Para a responsável, “significa que esta tendência, a necessidade de as empresas terem uma presença online, mantêm-se mesmo nestes períodos de férias”.
Mas o grande pico foi sentido em abril, o primeiro mês completo em confinamento, período em que os registos aumentaram 67%, face ao mesmo mês do ano anterior. Foi também atingido o recorde mensal do maior número de novos domínios: 10.137.
As empresas reagiram rapidamente às medidas de contenção. Os primeiros sinais da Covid-19 no país são de meados de março e Luísa Ribeiro Lopes diz que, nesse mesmo mês, começaram “logo a ver um crescimento muito grande”. Essa tendência mantem-se. “Até julho temos crescimentos acima dos 20, 30%, o que significa que esta tendência veio para ficar”.
Mais de metade das novas empresas que chegam agora à internet são pequenos negócios, pertencem à restauração, à área dos serviços domésticos e ginásios. Disparou ainda a abertura de domínios de projetos de solidariedade social, que visam mitigar o impacto da crise pandémica.
Simples e rápido, por 10 euros ano
Registar um domínio na net, ou abrir uma página, não é nenhuma ciência. “Basta ir a dns.pt, ver se o domínio que se pretende está livre e optar por registar diretamente ou escolher um agente de registo, que tem um pacote completo do registo do domínio, alojamento, as caixas de e-mail”.
Dado este passo, pode começar logo, “minutos depois”, a contatar os clientes pela internet e a expor os produtos e serviços. “É muito simples”, conclui Luísa Ribeiro Lopes.
Os custos são simbólicos, “rondam os 10 euros ano”, o que para a gestora significa “uma aposta muito interessante para quem quer ter uma porta aberta no online”.
“A segurança só se nota quando não existe”
O domínio de topo de Portugal tem segurança acrescida, garante a gestora.
“Temos tecnologias que só por si tornam o domínio mais seguro, temos os nossos próprios sistemas e todos os domínios registados devem também, eles próprios, ter segurança acrescida.”
O domínio .PT tem um protocolo com o Centro Nacional de Cibersegurança há cerca de um ano, em que qualquer utilizador pode avaliar a segurança do próprio domínio.
Novas ajudas que chegam pela net
O .Pt tem vindo a apoiar várias iniciativas de cariz social, como o programa ComércioDigital.pt, que tem como objetivo ajudar empresas e serviços na transição para a internet e redes sociais.
Os empresários e empreendedores têm acesso à academia e webinars com conteúdos práticos sobre a criação do website, gestão de redes e vendas online.
Já o mudaemcasa.pt quer levar para a internet aqueles que estão naturalmente excluídos, como os idosos. Chama-se Movimento pela Utilização Digital Ativa e ensina desde a usar a net até trabalhar a partir de casa, pagar os impostos ou consultar o médico, tudo pelo computador.
Na plataforma #EstamosOn, o Governo reúne desde o início da pandemia toda a informação relacionada com a Covid-19, desde as estatísticas do SNS às medidas de apoio temporárias, passando por alterações legislativas, novas regras e formulários necessários para aderir aos incentivos e ajudas.
Durante a pandemia surgiu ainda a Rede de Emergência Alimentar, uma iniciativa do banco alimentar em parceria com várias entidades. Está disponível tanto para quem procura ajuda como para quem está disponível para ajudar, até quando for necessário.
Destaque ainda para o #tech4COVID19, um movimento da sociedade civil que já reúne mais de 5 mil voluntários, desde engenheiros a cientistas, designers, marketeers, profissionais de saúde, entre outros. Já angariaram mais de 200 mil euros e têm 34 projectos activos.
Resposta digital do Governo
Além de ter acelerado a transição para o online, o Executivo avançou com respostas digitais às necessidades físicas e urgentes das famílias e empresas, impostas pela pandemia e pelas medidas para a travar. Tudo acessível e reunido na mesma página.
Aqui é possível encontrar as respostas do governo à crise pandémica e como acioná-las sem sair de casa. Estão ainda disponíveis vários serviços, através da internet, desde a alteração de morada e renovação do cartão de cidadão, a marcação de consultas e matrículas no próximo ano letivo. As empresas também têm vários serviços disponíveis, como o licenciamento comercial, o registo comercial ou até o selo Clean & Safe.
Há também iniciativas ao nível dos ministérios, como a plataforma alimente quem o alimenta, do Ministério da Agricultura, que em cerca de três meses juntou mais de mil produtores. Aqui encontraram uma alternativa às feiras, canceladas adiadas ou limitadas.
Em preparação está um vasto pacote de iniciativas, que visam alargar a presença do digital nos serviços públicos. Um desses exemplos é a Loja do Cidadão virtual, um projeto que ainda não tem data para arrancar. É uma das várias medidas incluídas na “Estratégia para a Inovação e Modernização do Estado e da Administração Pública 2020-2023”, aprovada pelo governo e já publicada em Diário da República.
É a resposta do Governo aos números de Bruxelas, que colocam Portugal como o 10.º país da União Europeia com o pior desempenho digital, segundo o Índice de Digitalização da Economia e da Sociedade (DESI), publicado em junho. “A Finlândia, a Suécia, a Dinamarca e a Holanda são os líderes no desempenho digital global na UE”.
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