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O ministro da Defesa do Brasil afirmou esta quinta-feira que produzir para o mercado da NATO é o objetivo da parceria que os governo brasileiros e português fizeram no domínio da aeronáutica e que pode ir para além de aviões.
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“Essa parceria que estava interrompida por seis anos é importantíssima para nós brasileiros”, mas também para Portugal, afirmou José Múcio Monteiro, numa entrevista à Lusa em Lisboa, onde permaneceu, após a visita oficial do Presidente Brasileiro Lula da Silva a Portugal, com agenda oficial a cumprir.
“Nós somos complementares. Brasil e Portugal precisam-se, necessitam-se, a nossa parceria é histórica, no presente e pode ser muito mais no futuro”, acrescentou, admitindo que há outras iniciativas conjuntas a fazer além das subscritas entre empresas de Defesa dos dois países para o mercado dos aviões.
O ministro descreveu a companhia de avião Embraer como uma empresa brasileira que “tem progredido muito” e conquistado mercados na África, no Oriente Médio e na América do Sul, assim como tem conseguido “algumas parcerias importantes” e “vendido muito”.
Mas “esta parceria agora em Portugal, com as OGMA, é importantíssima para nós, primeiro pelo KC-390, que já vendemos cinco para cá, com características da OTAN (NATO) e outros serão adaptados às características da OTAN”, disse o ministro, referindo-se ao avião cargueiro que será exportado a partir de Lisboa para a Europa.
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O governante salientou que o mercado da NATO justifica a parceria entre os dois países: “esta é a razão de ser da nossa parceria. Nós precisamos de chegar nesse mercado [no da NATO], bom para Portugal, bom para o Brasil”.
O KC-390, para o ministro já é uma realidade, já está a voar e Portugal produz equipamentos: “Nós já somos parceiros”.
Neste domínio, os dois países já trocam tecnologia, os pilotos de Portugal já são treinados no Brasil, há técnicos de um lado e de outro a trabalharem em parceria e procuram soluções que interessam, especificou.
Quanto ao avião Super Tucano, um avião que passará a ser produzido em Portugal, trata-se de ” uma aeronave super versátil, de identificação, de caça, que evidentemente pode ser adaptado para combate, mas também falta a ele o o carimbo ou as características da OTAN, que nós precisávamos para ganhar mais mercados”, admitiu.
Agora, “tenho a certeza que sendo fabricado aqui em Portugal nós abriremos mais mercado e estamos dando respostas para aqueles que diziam que não nos adquiriam porque que não tínhamos a chancela das características da NATO”, adiantou.
“O “Brasil tem indústria de defesa que é fruto do orçamento da União e tem a que a que é criada pela iniciativa privada, em que o governo funciona como intermediário de vendas com conversas com diplomatas e governo, é isso que tem de ser feito”, reforçou o governante, à margem da vista do Presidente brasileiro, Lula da Silva, a Portugal.
Com o investimento nas indústrias de defesa, os dois países ganham “na geração de emprego, nos impostos”, destacou o ministro de Lula, elogiando a aeronave de transporte adquirida por Portugal
Para o ministro, o KC-390 tem mercado em qualquer lado e “é um dos bons aviões do mundo”.
E agora o cliente europeu já não pode “dizer que não tem chancela da OTAN”, porque a aeronave é produzida em solo português e “este brasileiro agora vai ser filho também de Portugal, tem as características da OTAN colocadas aqui. Portugal vai dar a cidadania dele da Europa. Então isso vai abrir um mercado gigantesco”, frisou o ministro, e não querendo avançar números admitiu que a parceria aumentará “em muito” as vendas da Embraer.
Em contrapartida, “Portugal vai também ter tecnologia”, lembrou, por isso, esta “é uma parceria muito vantajosa para os dois países”, concluiu.
Quanto ao Super Tucano, o ministro explicou que é um avião de caça de ataque ao solo, de treino de pilotos, que pode ser adaptado “não para um grande combate, mas para um enfrentamento” com adversários no terreno.
Por isso, José Múcio Monteiro acha que é um avião “que tem mercado na África e no mundo árabe”.
“É um mercado muito grande, até porque não é uma aeronave cara”, sublinhou, garantindo que Portugal não manifestou interesse em adquirir nenhuma destas aeronaves, nem esse negócio é uma contrapartida na parceria entre os dois países.
A 24 de abril, quarto dia da visita oficial de Lula da Silva a Portugal, várias empresas aeroespaciais portuguesas e a brasileira Embraer assinaram em Alverca, arredores de Lisboa, um memorando de entendimento que visa desenvolver a Base Tecnológica e Industrial de Defesa de Portugal.
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