//Parecenças entre Montepio e ex-BES chegaram ao Banco de Portugal

Parecenças entre Montepio e ex-BES chegaram ao Banco de Portugal

Tema das relações entre a Associação Mutualista Montepio Geral e o Banco Montepio foi abordado em reunião de aprovação de contas do Banco de Portugal de 2017

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, foi confrontado, numa reunião para aprovação das contas de 2017, com um comentário de João Talone, membro do conselho consultivo da instituição indicado pelo Governo, de que o Montepio “se assemelhava a um esquema Ponzi” comparável ao BES. João Costa Pinto, presidente da comissão de auditoria falou então em “situação escandalosa”.

Em causa estava a relação do Banco Montepio com a Associação Mutualista Montepio Geral, um assunto de tal forma delicado que João Talone terá sugerido a imediata interrupção da venda de produtos de subscrição mutualista aos balcões do banco. A notícia é avançada pelo jornal Público que dá conta que a discussão foi “acesa” e que “agitou” a cúpula do supervisor.

Segundo o Público, a reunião decorreu a 28 de março de 2018 para aprovar as contas do exercício anterior, encontro no qual participou, também, a então vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, a quem coube comentar a evolução do sistema financeiro. Perante a interpelação de João Talone, que terá comentado que “o que se está a passar no Montepio assemelha-se a um esquema Ponzi, que se rebentar abrirá um buraco de mais de dois mil milhões de euros”, Elisa Ferreira garantiu ter “consciência do problema e que os serviços do BdP tinham vindo a recolher muita informação sobre a matéria”, defendendo a necessidade da situação ser tratada com pinças.

O episódio foi “testemunhado pelos conselheiros e confirmado ao Público por várias fontes e não desmentido por protagonistas”, garante o jornal, que acrescenta que tudo desembocou numa “troca de impressões acesa” entre Talone e Elisa Ferreira, com esta a questionar: “Vocês pretendem que eu pegue na agulha e pique a bolha?”. Elisa terá, então, lembrado que fora implementada, por pressão do regulador, um sistema de portas estanques, de controlos rígidos, entre a Associação Mutualista Montepio Geral e o Banco Montepio, para separar os interesse estritos da atividade bancária dos da associação.

Confrontada pelo Público com a questão, a ex-vice-governadora e futura comissária europeia considerou que “não faz sentido estar a comentar assuntos de um órgão reservado, onde o diálogo tem de ser franco e aberto, onde se deve estar à vontade para falar”.

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