A Visa é das primeiras fintechs e conta com uma história de seis décadas na área de pagamentos. Em Portugal, está há meio século. A country manager da Visa falou ao DV sobre a sua visão sobre o mercado português de pagamentos em plena revolução digital mundial.
A Visa e a Revolut anunciaram uma parceria. As fintechs de pagamentos e empresas como a Revolut não são “inimigas” da Visa?
As pessoas ainda pensam um pouco na Visa como uma empresa de cartões de crédito. E a Visa é, de facto, uma empresa de tecnologia de pagamentos. Evoluiu para um conjunto de soluções diversas na área de pagamentos, incluindo a segurança, prevenção da fraude, tokenização… Temos vindo a fazer um caminho, mas toda esta evolução que fizemos tornou-nos a maior plataforma global aberta de comércio mundial. E acabámos por ser o tecido conector entre estes players cada vez mais globais. De facto, a Visa tem essa capacidade, enquanto plataforma global, de oferecer serviços de valor acrescentado, diferenciadores e inovadores que permitem à Revolut avançar para mercados novos. Para nós, é mais um player, mais uma entidade que vem reforçar o ecossistema e vem oferecer soluções inovadores em termos de experiência do utilizador, em termos de inovação financeira, para os consumidores finais. Trabalhamos de igual forma com os bancos tradicionais e com as novas fintechs. Para nós, é aumentar o ecossistema, aumentar o conjunto de soluções e de fornecedores que existem para bem dos consumidores e da economia em geral.
E agora trouxe para Portugal o Apple Pay…
Temos vindo a fazer um caminho. A Visa trouxe para Portugal, há muitos anos, a tecnologia EMV – cartões com chip -, recentemente trouxe a tecnologia contactless, com pagamentos mais rápidos e ligados à tecnologia contactless estão os pagamentos móveis. A Apple Pay é uma das formas de pagamento contactless, utilizando um dispositivo móvel. Em Portugal está disponível já com a Revolut e estamos a trabalhar com os restantes players para alargar o número de emissores.
Vai haver novidades?
Estamos a trabalhar o mercado, e eu espero que sim. Aliás, em Portugal temos vindo a adotar estas tecnologias. Temos algum caminho a percorrer e temos de acelerar um bocadinho em relação a outros congéneres europeus. Para fazer o paralelismo, é importante que consolidemos na infraestrutura a utilização do contactless, porque o contactless é a base para os pagamentos móveis. Aí estamos na cauda da Europa.
Porquê?
Há um conjunto de razões. Temos vindo a trabalhar com os vários intervenientes no mercado para desmistificar alguns problemas. Há alguns mitos sobre a segurança que acho que já se estão a desvanecer. Mas temos de fazer alguma coisa sobre a aceitação, garantir que do lado do comerciante se entende como funciona a tecnologia e quais as suas vantagens. Os estrangeiros que nos visitam já utilizam o contactless de forma alargada em outros mercados – as transações no último ano (até março de 2019) tinham crescido cerca de 22%, equivalente a 10% do volume de faturação -, estão muito familiarizados com a tecnologia e fazem-no para montantes muito mais baixos. Estamos com níveis de penetração do contactless na casa dos 10%, mas somos um penúltimo país da Europa (Europa, Norte de África e Médio Oriente), atrás de Israel. Se tirarmos Israel, que não está ao mesmo nível dos outros países em termos de infraestruturas de chip, somos o último país da Europa em termos de contactless. Estamos muito mal na fotografia, temos ainda de fazer um trabalho. Mas tem-se falado de Portugal como estando muito avançado nos pagamentos, com o MB Way etc…. Temos de fazer um trabalho coletivo. A Visa está a fazer esse esforço, estamos a comunicar aos utilizadores as vantagens do contactless. É uma questão de educar comerciantes e utilizadores. Mas temos sentido aqui um atraso em relação aos outros mercados.
Em termos da Visa, qual é a estratégia para Portugal?
Há três grandes áreas em que gostaríamos de desenvolver a nossa atuação em colaboração com os parceiros. Uma, é continuar a promover a expansão e a aceitação dos pagamentos eletrónicos. Ainda temos em Portugal um gap de aceitação das marcas internacionais. Os turistas que nos visitam trazem os seus cartões e nem sempre conseguem fazer pagamentos. A segunda área é consolidar a utilização e a aceitação do contactless, até porque é a base dos pagamentos móveis. E a terceira é a promoção do e-commerce. Aqui também temos alguns desafios. Muitos dos nossos consumidores pensam que os seus cartões de débito não funcionam nas compras online e que só podem usar o cartão de crédito. Um consumidor que tem um cartão Visa Eletron ou Visa crédito pode usar, da mesma forma, para fazer compras online.
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