//Paulo Macedo: “Achamos que há aspetos no relatório que não são corretos”

Paulo Macedo: “Achamos que há aspetos no relatório que não são corretos”

A conferência foi convocada para apresentar as contas de 2018, mas foi a auditoria à gestão da CGD, tornada pública na semana passada, que dominou as perguntas e respostas a Paulo Macedo.

O presidente da Caixa Geral de Depósitos criticou alguns aspetos do relatório e o tratamento dado ao mesmo. “O relatório só tem as operações que correram mal, propositadamente, e bem, é um relatório enviesado e achamos que há aspetos que não são corretos, designadamente em termos de risco”, começou por dizer Paulo Macedo, esta sexta-feira na sede do banco público.

O responsável destacou que a auditoria “não foi feita com vista a serem apuradas responsabilidades individuais”, e que para isso será necessário uma auditoria forense.

“Para se apurarem responsabilidades é preciso um trabalho adicional. É preciso ver se a perda para a CGD é definitiva, se há nexo de causalidade entre a perda e o ato de gestão. É uma matéria muito complexa do ponto de vista criminal, contraordenacional e cível”.

Paulo Macedo afirmou que o Ministério Público está a analisar a matéria há dois anos e que o BdP também “está a fazer o seu trabalho”. Já a parte cível “tem de ser feita por juristas, vai ser feita e haverá responsabilidades individuais se forem apuradas”.

“A CGD não é o tribunal e não vai fazer o trabalho das autoridades”, determinou o líder da CGD.

Paulo Macedo foi mais longe nas críticas ao impacto que teve o relatório da EY, sublinhando que para a versão preliminar a auditora não falou “com nenhuma das administrações nem com os seus membros”.

“O mais negativo do relatório foi tentar dar todos os ex-administradores da Caixa como culpados. Poderá haver processos-crime, mas esses já existem é noutros bancos e não neste. Tentou-se dizer que era tudo igual. Tenta-se pôr tudo numa caldeirada para dar um ónus de mediocridade sobre tudo o que se passa. Alguns deram a entender que ainda se podia passar hoje. Foi má-fé para atingir danos reputacionais à atual situação” do banco, atirou Paulo Macedo.

O presidente da CGD explicou que o banco pôs em marcha um “conjunto largo de ações” para recuperar os créditos ruinosos, sendo que os créditos de elevada dimensão são neste momento “todos da responsabilidade da Caixa Banco de Investimento”.

Este processo implicou, entre outros passos, que fosse feita uma nova análise aos créditos em incumprimento, nomeadamente os “níveis de execução dos devedores, avalistas, os tipos de bens e a sua possibilidade de recuperação”.

Paulo Macedo sublinhou que estão a ser tomadas diligências, “e não é por a entidade estar insolvente que a CGD deixou de fazer essas diligências. Pode haver outras formas de chegar a património para podermos ser ressarcidos”. O responsável diz esperar que o caso da Comporta seja concluído “muito em breve”.

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