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O vice-presidente do PSD Paulo Rangel considerou hoje que o acordo anunciado por António Costa para acelerar as interconexões na Península Ibérica é mau, argumentando que Portugal perdeu na eletricidade e no gás face a França e Espanha.
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“Quando o Primeiro-Ministro tentou explicar o novo acordo, percebemos que o Acordo anunciado entre o Presidente francês e os Primeiros-Ministros Espanhol e Português prejudica o interesse nacional, é um mau acordo, e António Costa nunca o deveria ter aceitado”, disse numa declaração na sede nacional do PSD, em Lisboa.
Em causa está o acordo anunciado por António Costa entre Portugal, Espanha e França alcançado na quinta-feira, em Bruxelas, durante uma reunião dos líderes dos governos dos três países, que prevê avançar com um “corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).
O PSD exige ainda a detalhada dos termos do acordo e uma avaliação técnica independente das suas consequências”, pelo que irá promover “todas as diligências ao seu alcance na Assembleia da República e junto das instituições europeias”.
Para o vice-presidente dos sociais-democratas é essencial saber quanto vai custar o projeto a Portugal e como irá ser financiado, assim como qual o prazo de execução.
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Paulo Rangel defendeu que “o acordo, sem prazo e sem preço, não serve o interesse europeu e não serve o interesse nacional”.
“Trocámos o valor das nossas renováveis e o potencial do porto de Sines por um prato de lentilhas. Dito de modo popular, passamos de cavalo para burro”, disse.
Paulo Rangel argumentou que existiu uma desvalorização estratégica dos ativos portugueses.
“Ganhou o nuclear e França na eletricidade e ganhou Espanha e porto de Barcelona no gás”, enquanto “Portugal ficou para trás”, porque “perdeu nas duas dimensões”.
Para Paulo Rangel, Portugal ficou “pior”, porque “caíram os compromissos internacionais, que existiam firmes e calendarizados desde 2014, para a construção de duas interligações eléctricas nos Pirinéus e só se manteve o Golfo da Biscaia”.
“Para Portugal aquelas duas interligações eléctricas eram muito mais importantes que qualquer ligação de gás, e mais ainda que uma troca de gasodutos que secundariza o terminal de Sines. O transporte de gás importado, podendo ser útil, mas é muito menos interessante para Portugal do que para Espanha”, assinalou.
Acrescentou ainda que o “acordo também é mau para Portugal na dimensão das interligações de gás porque faz uma troca de gasodutos que secundariza e menoriza o terminal de Sines”.
“O abandono da interligação dos Pirinéus, o Midcat, pela nova interligação entre Barcelona e Marselha, o BarMar, valoriza os terminais de gás espanhóis de Barcelona e Valência, e faz com que o porto de Sines perca importância estratégica”, justificou.
Paulo Rangel acrescentou que “mesmo a questão do hidrogénio verde suscita as maiores dúvidas”, uma vez “é preciso adaptar toda a rede” e “nada se sabe sobre isto”.
O vice-presidente do PSD considerou que António Costa estava “num beco sem saída”, questionando se a assinatura do acordo estará relacionada com eventuais “ambições europeias” do primeiro-ministro.
António Costa, Pedro Sánchez e Emmanuel Macron decidiram esta quinta-feira avançar com um “Corredor de Energia Verde”, por mar, entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus (MidCat).
O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde BarMar serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, em Alicante, Espanha.
De acordo com o texto acordado, a que a Lusa teve acesso, os ministros da Energia dos três países — que também estiveram presentes na reunião — irão começar imediatamente o trabalho preparatório para avançar com o BarMar e também sobre o reforço das interligações elétricas entre Espanha e França, “em ligação estreita com a Comissão Europeia”.
Os dois primeiros-ministros ibéricos e o Presidente francês acordaram ainda na necessidade de “concluir as futuras interligações de gás renovável entre Portugal e Espanha, nomeadamente a ligação de Celorico da Beira e Zamora (CelZa)”.
As infraestruturas que serão criadas para a distribuição de hidrogénio “deverão ser tecnicamente adaptadas para transportar outros gases renováveis, bem como uma proporção limitada de gás natural como fonte temporária e transitória de energia”.
António Costa considerou que o acordo permite “ultrapassar um bloqueio histórico” relativamente às interconexões ibéricas para gás e eletricidade.
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