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O deputado socialista Pedro Nuno Santos, candidato à liderança do PS, afirmou hoje que este partido não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial, num discurso em prometeu diálogo e concertação social.
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Perante centenas de militantes e simpatizantes socialistas, que encheram a sede nacional do PS, o ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação prometeu que, se for eleito líder deste partido, terá uma ação caracterizada pelas apostas na concertação social e pelo diálogo.
Referiu-se em particular ao legado do ainda líder do partido e primeiro-ministro, António Costa, ao fim de quase oito anos de Governo, elogiando-o, mas também ao processo judicial que o envolve.
Um ponto em que salientou a prioridade no combate à corrupção, a presunção da inocência, o respeito pela independência das magistraturas, e deixou o seguinte recado: “O PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial”. Uma alusão ao futuro período de campanha para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março.
O próprio António Costa, na última Comissão Política do PS, na quinta-feira, pediu ao seu partido para seguir em frente e não cair na armadilha de andar a criticar o Ministério Público.
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O apoio de Francisco Assis
O ex-ministro Pedro Nuno Santos destacou também a presença do antigo líder parlamentar socialista Francisco Assis, conotado com a ala direita deste partido, no apoio à sua candidatura a secretário-geral do PS.
“Muito se tem falado de uma suposta divisão no PS entre uma ala centrista e moderada e uma ala de esquerda e radical, mas esta discussão tem pouco sentido, alimenta conflitos artificiais e apenas serve a quem combate o PS. Na pluralidade que sempre existiu neste partido, o que está em causa não é uma disputa entre a moderação e o radicalismo”, sustentou.
Pelo contrário, de acordo com Pedro Nuno Santos, na disputa que terá com o ainda ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, na corrida à liderança dos socialistas, “está em causa quem, num dado momento, está em melhores condições de unir o partido, é mais capaz de adequar os valores do PS a um dado contexto histórico, e é o melhor intérprete e executante do projeto de transformação do país de que o PS tem de ser o portador”.
Outro momento em que procurou demarcar-se da ideia de ser um radical aconteceu quando se referiu à tradição industrial do seu concelho, São João da Madeira, no distrito de Aveiro, para elogiar a concertação e o diálogo.
“O setor do calçado foi sempre um dos maiores exemplos de concertação social, de acordos entre trabalhadores e empresários. Foi esta cultura de diálogo, de negociação e de concertação que me ajudou nos anos em que trabalhámos diariamente com os partidos que apoiavam o Governo do PS”, disse.
Com a sala principal de reuniões da sede nacional do PS a abarrotar de militantes e simpatizantes deste partido, o antigo líder da JS considerou que este “é um momento difícil na vida da sua força política” e assumiu logo no início da sua declaração que cometeu erros no seu percurso político.
“Os portugueses, tal como os militantes do PS, conhecem-me, conhecem as minhas qualidades e os meus defeitos, conhecem o meu inconformismo e a minha combatividade, conhecem a minha vontade de fazer acontecer e os meus sucessos; conhecem também os meus erros e as minhas cicatrizes. Sim, os erros que cometemos e as cicatrizes que carregamos fazem parte das nossas vidas. Aqueles que não fazem e não decidem, os que se limitam a gerir e a manter o que existe, esses raramente cometem erros”, advogou.
Ainda segundo este ex-ministro, “mais importante do que ter consciência dos erros é saber o que fazer com eles”.
“Quem os comete, deve com eles aprender. E quem aprende com os erros, está preparado para os evitar e melhor decidir no futuro. Quem decide e faz não pode ter medo de os cometer”, acrescentou, recebendo muitas palmas.
Além de Francisco Assis, estiveram presentes o ministro da Educação, João Costa, a presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses, Luísa Salgueiro, a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, o ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, os ex-secretários de Estado Hugo Mendes e João Paulo Rebelo, o líder da JS, Miguel Costa Matos, e a sua antecessora neste cargo Maria Begonha.
Na sede nacional do PS, estavam dezenas de deputados, entre eles os vice-presidentes da bancada Rui Lage, Carlos Pereira, a constitucionalista Isabel Moreira, e líderes federativos deste partido como Hugo Costa (Santarém), João Portugal (Coimbra), Eduardo Vítor Rodrigues (Porto), Luís Testa (Portalegre), entre outros.
Destaque ainda para a presença do dirigente da UTG José Abraão e da líder das mulheres socialistas Elza Pais.
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