A petrolífera estatal saudita Aramco, a empresa com mais lucros do mundo, inicia este domingo a subscrição de ações, no âmbito da sua entrada em bolsa e perante muitas incógnitas sobre quantos títulos emitirá e o preço.
Esta será a maior oferta pública de venda de ações de sempre. A subscrição de ações por investidores privados termina em 28 de novembro, que serão unicamente da Arábia Saudita por decisão da empresa, e até 04 de dezembro segue-se a subscrição para investidores institucionais.
No dia 04 de dezembro será anunciado qual será o preço final da Oferta Pública de Venda (OPA).
Primeiro exportador mundial de crude, a Arábia Saudita tentou introduzir em bolsa a Aramco pela primeira vez em 2018, antes de recuar devido às condições de mercado consideradas desfavoráveis, avançando agora essa operação.
Tudo isto acontecerá na bolsa Tadawul, o mercado bolsista de Riad, que tem 12 anos e será o único em que estarão cotadas as ações da Aramco.
A maior petrolífera maior do mundo não anunciou ainda a parte do capital social que ficará dispersa em mercado, ainda que o prospeto informativo de 600 páginas apresentado no passado fim de semana indique que 0,5% das suas ações serão para o mercado retalhista e investidores privados.
O príncipe herdeiro saudita, Mohammed Bin Salman, espera que a empresa petrolífera venha a ser reavaliada, aumentando consideravelmente o valor, o que pode permitir a Riade empreender novos investimentos.
O governo saudita espera que a petrolífera seja avaliada em dois biliões de dólares (cerca de 1,8 biliões de euros, à taxa de câmbio atual), mas diversas fontes especularam nos últimos dias que esse valor poderá ficar entre 1,3 e 1,6 mil milhões de dólares (entre 1,18 mil milhões de euros e 1,45 mil milhões de euros, ao câmbio atual).
Se este preço de mercado se confirmar cumprem-se os prognósticos de que Aramco poderá vender entre 1% e 2% das suas ações, o que significaria receitas entre 13.000 e 32.000 milhões de dólares (11.800 e 28.900 milhões de euros, ao câmbio atual).
Mais de vinte bancos, entre eles J.P. Morgan, BofA Merrill Lynch, Deutsche Bank, Credit Agricole Morgan Stanley e Santander formam parte da lista da entidades que participam na colocação desta oferta.
Os sauditas esperam captar capital de grandes públicos internacionais, especialmente da Rússia e da China.
Contudo, persistem dúvidas sobre o futuro da empresa que produz 10% do crude mundial, depois de Aramco ter sofrido em setembro vários ataques com drones e mísseis contra as suas instalações.
Os ataques foram reivindicados pelos rebeldes Huthis do Iémen, que criticam o apoio da Arábia Saudita ao Governo de Abdo Rabu Mansur Hadi na guerra nesse país, enquanto Riad responsabilizou o Irão.
A entrada em bolsa da Aramco terá de mudar de forma significativa a política de informação da empresa, habitualmente opaca, que terá de passar a dar explicações a investidores e acionistas.
De momento, o que tem sido dito é que os acionistas terão um dividendo assegurado de pelo menos 75 mil milhões de dólares em 2020, além dos dividendos extraordinários que possam ser decididos.
O prospeto divulgado indicou ainda que os acionistas terão prioridade, incluindo sobre o Governo saudita.
A Arábia Saudita precisa de um preço de barril de 88,6 dólares para equilibrar o seu orçamento, pelo que uma oferta pública de venda de êxito será “essencial para financiar a sua diversificação” das fontes do orçamento público, num plano para diminuir a dependência com o petróleo.
Deixe um comentário