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Questionado pela Lusa sobre as medidas que considera que devem ser incluídas no plano de poupança energética português, que está a ser preparado e deverá ser conhecido até ao final do mês, o especialista em energia António Sá da Costa começou por dizer que “há dois tipos de medidas: as conjunturais, que deviam vir para ficar, e as de emergência, que são os remendos de última hora, enquanto as medidas conjunturais não são implementadas”. “Mesmo estas não deviam ser aplicadas de forma cega”, vincou.
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Para o também ex-presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), “tem de haver um critério de razoabilidade de aplicação de medidas”, “por exemplo com a definição de índices (de consumo de energia total por m2 de área, com índices diferenciados quanto ao tipo de uso – comércio, indústria, escritórios)”.
Por exemplo, explicou, um comerciante que trocou a iluminação clássica por lâmpadas LED “já reduziu o seu consumo para 10% do consumo inicial” e, “se agora lhe cortam, por exemplo, o tempo que pode ter a luz acesa de 20%, esta medida reduz relativamente ao consumo inicial de 2%, mas se se aplicar a mesma medida ao comerciante que nada fez a medida reduz o consumo deste em 20%”.
O mesmo se aplica à iluminação pública, apontou Sá da Costa, uma vez que houve já municípios que implementaram lâmpadas mais eficientes, enquanto outros não, tendo ainda de se considerar, neste caso, “os impactos que a redução do tempo de funcionamento pode ter na segurança das pessoas e bens”.
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À semelhança do que está a ser adotado por outros países europeus, também em Portugal se poderão adotar medidas de curto prazo como as limitações de temperatura dos aparelhos de ar condicionado, lembrou Sá da Costa.
No entanto, “isto de nada serve se os aparelhos não estiverem devidamente mantidos e certificados” e se as portas não se mantiverem fechadas.
Para o especialista, “devia ser obrigatório no comércio, nos serviços e na indústria a afixação do certificado de inspeção/manutenção anual como se faz com os elevadores ou extintores de incêndio, e, caso não sejam exibidos, implicando o pagamento de uma coima que devia ser progressiva em caso de reincidência”.
Para o especialista, as “medidas de fundo ou conjunturais são aquelas que podem levar a reduções permanentes de consumo, e algumas delas podem ser rapidamente implementadas e apoiadas”, tais como fomentar a utilização de painéis solares para o aquecimento de águas sanitárias, que, explicou, tem mais do dobro da eficiência de painéis fotovoltaicos e é “relativamente barata” (2.000 a 4.000 euros para uma família de três a quatro pessoas).
Outra medida de fundo, acrescentou, seria apoiar a substituição de sistemas de aquecimento de radiadores elétricos ou a gás por bombas de calor ou por caldeiras a “pellets”, bem como o ensino de eficiência energética desde a instrução primária.
“Digo muitas vezes que o kWh [quilowatt-hora] mais barato é o que não se gasta, ou seja o poupado. Também diz o povo: “depois de casa roubada, trancas à porta””, realçou o especialista, considerando que o que se pretende implementar agora com “medidas à pressa, provavelmente nem bem pensadas e amadurecidas”, “já podia e devia ter vindo a ser implementado de uma forma continua há muitas dezenas de anos”.
Para António Sá da Costa, os sucessivos governos vão “empurrando o assunto com a barriga”, porque são medidas “impopulares e que não dão votos”.
“Mas, mais uma vez, como diz o povo: mais vale tarde que nunca”, rematou.
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