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A política de distribuição de dividendos anunciada pela maioria das empresas do PSI20 reforça a sua confiança no futuro, apesar das expectativas de que o segundo trimestre será ainda “fortemente condicionado” pela evolução da pandemia, segundo analistas ouvidos pela Lusa.
De acordo com o analista do Banco Carregosa, Paulo Rosa, a política de distribuição de dividendos já anunciada por algumas empresas “carrega algum otimismo para 2021 quanto à pandemia, aos progressos das vacinações e à reabertura e retoma económica”.
A maioria (13 de 18) das empresas do PSI20 optou por manter a política de dividendos dos anos anteriores, apesar da pandemia e de resultados anuais inferiores a 2019, com três empresas (Semapa, Sonae SGPS e Ramada Investimentos) a anunciar aumento das remunerações aos acionistas.
A Jerónimo Martins, inclusivamente, já aprovou em assembleia-geral, na quinta-feira, a distribuição de um dividendo bruto de 28,8 cêntimos por ação (excluindo as ações próprias em carteira) e que o pagamento do dividendo ocorrerá dia 06 de maio.
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O analista do Montepio João Dias considera que, na generalidade dos casos, os resultados de 2020 apresentados pelas cotadas no PSI20 encontram-se dentro dos níveis esperados.
“As constituintes do índice caracterizam-se pela ciclicidade do negócio e, por isso, estão mais expostas aos efeitos negativos da pandemia, pelo que as expectativas de resultados foram revistas em baixa para o ano de 2020. Ainda assim, do conjunto de empresas que já apresentaram resultados, oito acabaram por reportar resultados por ação acima do “target” médio definido pelos analistas, com apenas quatro ligeiramente abaixo do consenso”, sinaliza.
Sobre o mesmo assunto, o diretor XTB Portugal, Eduardo Silva, destaca que se em 2020 as perspetivas eram negativas, com várias empresas a cortar ou suspender dividendos, o “outlook” para este ano é positivo, nomeadamente com várias cotadas a optarem por remunerar os investidores e deixar para trás algum conservadorismo.
“Considerando a evolução económica, podemos aceitar que o segundo trimestre ainda será fortemente condicionado pela pandemia levando possivelmente a algumas revisões em baixa nas perspetivas das empresas, mas as perspetivas anunciadas mostram que o foco é já o futuro”, destaca.
O setor mais condicionado, segundo o analista, continua a ser a banca, com reestruturações, taxas de incumprimento, rácios de solvabilidade, moratórias e taxas de juro negativas que vão continuar a limitar as perspetivas nesse sentido.
“Existe a expectativa de que com a vacinação a acelerar e com a introdução de mais fornecedores, o terceiro trimestre deverá mostrar os primeiros sinais de imunidade de grupo na Europa. Se compararmos com países como Israel ou Reino Unido onde a vacinação está numa fase mais avançada e as perspetivas são animadoras”, refere.
Paulo Rosa, do Banco Carregosa, recorda, a propósito, que o ano de 2020 foi marcado pelo confinamento global ditado pela pandemia e será sempre recordado como o ano da covid-19.
“Após um ano atípico, e uma recessão económica, um país como Portugal cujo setor do turismo representa cerca de 10% do PIB [Produto Interno Bruto], poder-se-ia esperar um impacto mais significativo nas principais cotadas nacionais. Todavia, o peso do turismo e das empresas relacionadas com maior proximidade social é reduzido no PSI20”, afirmou.
Assim, destacou, as empresas com maior peso “produzem serviços essenciais, como eletricidade, serviços de comunicação e correios, bens para exportação, como a pasta de papel, e combustíveis fósseis e energia” e as empresas de retalho, nomeadamente alimentar, deram o seu pleno contributo logístico no abastecimento dos lares em confinamento.
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