Na verdade, para a maioria das decisões, contam com um número limitado de opções: quatro empresas produzem 89% dos produtos infantis, duas empresas controlam 76% do mercado dos caixões, quatro companhias concentram a maioria do transporte aéreo doméstico norte-americano, três empresas dominam o mercado de pesticidas e sementes, Goggle e Apple controlam as aplicações móveis, meia dúzia de empresas controlam as marcas alimentares e duas empresas dividem as viagens online.
Segundo este trabalho, os monopólios e oligopólios crescem sem restrições. Google, Facebook, Amazon, Apple e Microsoft compraram 436 empresas e startups em dez anos, sem a imposição de qualquer “remédio” pela regulação.
Há sectores altamente concentrados que dividem o país entre si, “como a máfia divide o terreno entre famílias”, explicam os autores. Ao permitir esta concentração industrial extrema, o governo garante e encoraja “a concentração aberta e tácita”.
A economia está dominada por uma minoria sistematicamente alimentada pelos salários dos trabalhadores e consumidores, bloqueados numa guerra injusta, onde o poder é claramente desigual.
Em monopólio muitos preços aumentam
As fusões tornaram-se uma prática corrente, para salvaguardar os empregos, garantir o crescimento e até o aumento da produtividade, com reduções de preço. No entanto, na prática, os preços nem sempre descem.
Na saúde, há estudos que demonstram que a concentração de hospitais norte americanos aumentou o custo das admissões entre 15 a 20%, entre zonas com quatro unidades e zonas onde há apenas um hospital.
Cerca de 46 milhões de casas americanas não têm operador alternativo no cabo, segundo o The Economist, pagam mais 65 mil milhões do que os alemães.
Muitas fusões são feitas “apenas com a intenção de pressionar os trabalhadores, os fornecedores e os parceiros de negócio. Ao esmagar os seus rivais, as empresas transferem o dinheiro para si próprias”. No final, “poucas pequenas empresas sobrevivem”.
Um “cocktail tóxico”
O resultado desta concentração económica esmagadora é um “cocktail tóxico”, segundo Tepper e Hearn.
Com menos empresas há menos inovação, menos descentralização e menor diversidade. Os preços aumentam, as start-ups diminuem, a produtividade é menor, os salários são mais baixos, a desigualdade aumenta e as pequenas cidades degradam-se.
Há cidades inteiras que surgem e se desenvolvem dependentes de um único negócio ou indústria. Os salários são definidos por um único patrão, os trabalhadores não têm praticamente escolha ou poder negocial. Quando o negócio é deslocalizado ou encerra, a cidade fica em morte lenta.
O que podem/devem os reguladores fazer?
É deles o papel principal, nesta batalha. As instruções são claras:
- Garantir o cumprimento das leis da concorrência;
- Rejeitar fusões que limitem o mercado a poucos participantes;
- Dividir grandes empresas e reverter fusões;
- Rever o conceito de “bem-estar” do consumidor;
- Limitar patentes;
- Conceder ações a trabalhadores;
- Acabar com portas-giratórias entre grandes empresas e governo.
Nós, consumidores, somos aconselhados a não gastarmos o dinheiro em empresas dominantes, quando há alternativa.
Ao governo cabe garantir que não alimenta estes monopólios. “A correlação entre lobbying, a regulação e o lucro está concentrada num pequeno número de setores politicamente influentes”, explicam.
Os governantes não assistem apenas ao desenrolar da economia, são participantes ativos, “concedendo favores aos ricos e poderosos e olhando pelos interesses dos bens relacionados”.
Os autores concluem que, ao eliminar a concorrência, as empresas ganharam um poder de mercado significativo, com o qual têm aumentado preços e reduzido salários.
Explicam ainda que “o poder económico e político dos monopólios e oligopólios distorceu totalmente o jogo a favor das empresas dominantes e contra os empregados”. Isto não é capitalismo, “capitalismo sem concorrência não é capitalismo”.
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