Portugal teve a segunda maior quebra das vendas de carros novos a gasóleo no ano passado em toda a Europa. No entanto, ainda é o segundo país onde mais se compram automóveis Diesel entre os 28 estados-membros, segundo dados publicados esta semana pela ACEA, a associação que representa as fabricantes de automóveis do Velho Continente.
No ano passado, a quota de mercado dos carros a gasóleo em Portugal caiu de 53,3% para 40% – apenas a Roménia teve uma quebra mais expressiva, de 13,9 pontos percentuais. A Irlanda, ainda assim, é o único país que continua à frente de Portugal nas vendas dos Diesel, com uma quota de mercado de 46,6%. A “ilha verde” é o único país europeu onde o gasóleo ainda tem mais procura do que a gasolina.
O peso do gasóleo em Portugal “deve-se, em grande parte, a questões fiscais dado que os veículos diesel podem deduzir, em 50%, as despesas com o combustível e as reparações”, justifica Helder Pedro, secretário-geral da ACAP – Associação Automóvel de Portugal, em declarações ao Dinheiro Vivo.
Os dados da ACEA realçam a grande transformação que está a ocorrer no mercado automóvel. Em 2015, a quota de mercado do gasóleo em Portugal era de 67,5%, o que correspondia ao segundo lugar, segundo os dados facultados pela ACEA ao Dinheiro Vivo. Em apenas cinco anos, registou-se uma quebra de 19,4 pontos percentuais, a sexta maior descida entre os 24 países avaliados. A maior redução nos últimos cinco anos ocorreu na Grécia, onde o peso do gasóleo travou, de 63,2% para 26,6%.
Por causa da descida do diesel, os carros novos a gasolina foram os mais beneficiados nas vendas e voltaram a ser os preferidos dos portugueses: a quota de mercado deste combustível subiu 9,9 pontos percentuais, para 49,2%. A mesma mudança foi feita no ano passado pela Itália e Bulgária. Entre 2015 e 2019, a quota de mercado dos carros a gasolina subiu 19,4 pontos percentuais. Foi a sétima maior subida entre os 24 países avaliados. O maior aumento registou-se na Letónia, de 35,1% para 65,1%.
Portugal sobe na tabela dos elétricos
Os portugueses também estão a apostar cada vez em mais carros alternativos. O peso dos automóveis a gás natural, GPL, híbridos e elétricos subiu para 10,9% no ano passado, ultrapassando pela primeira vez a fasquia dos 10%. O maior peso neste mercado foi para os automóveis totalmente elétricos e híbridos plug-in (com tomada de carregamento), que representaram 5,7% das vendas. Portugal repetiu a quarta posição nas vendas destes automóveis na Europa.
“As marcas têm cada vez mais oferta de veículos elétricos, ou híbridos plug-in”, assinala o secretário-geral da ACAP. “É um lugar impensável há poucos anos”, destaca Henrique Sánchez. O líder da associação dos utilizadores de veículos elétricos recorda que, “em 2015, Portugal ocupava o décimo lugar, com 0,7%”.
Apesar do crescimento nos últimos cinco anos, Portugal está longe dos Países Baixos, onde os carros de muito baixas emissões já representam 16,3%. A Finlândia é o país onde os carros alternativos têm maior quota de mercado: 22,4%. Neste segmento, Portugal está na sétima posição.
Com o lançamento esperado de mais de duas dezenas de modelos de carros elétricos neste ano, é expectável que as vendas destes veículos continuem a acelerar. Não só porque “será alargada a oferta ao gosto e possibilidades económicas dos consumidores portugueses” como as marcas “têm de cumprir o limite de 95g/km de emissões no espaço europeu”, entende o líder da UVE. Só que para os condutores continuarem a comprar estes carros “os incentivos do Estado são fundamentais, conclui Helder Pedro, da ACAP.
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