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André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital, foi o primeiro a assumir uma pasta especificamente dedicada ao tema do digital. Poucos meses depois da tomada de posse, em outubro de 2019, Portugal mergulhou numa pandemia que veio vincar a importância da tecnologia.
Ao Dinheiro Vivo, o secretário de Estado refere que, com a situação pandémica, “os principais desafios identificados” na digitalização do país “ficaram mais nítidos”. “Embora me custe usar o termo, foi uma oportunidade de aceleração da agenda e de criação de condições para que ficasse claro a imensa necessidade de respondermos ao desafio do digital”.
Um dos primeiros passos foi a definição de um Plano de Ação para a Transição Digital, apresentado no início de março de 2020. Assente em três pilares – pessoas, empresas e digitalização da Administração Pública – , o secretário de Estado refere que o plano “foi integralmente validado e os timings de implementação mantidos”, apesar da conjuntura. “A alteração que houve foi de velocidade de implementação”.
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Se o “maior desafio, ligado à competência das pessoas” já estava identificado, os últimos meses vieram demonstrar a “absoluta necessidade de respondermos às necessidades da população”, nomeadamente ao nível da inclusão digital.
“Temos ainda uma percentagem muito significativa da população, que rondará os 20%, que nunca teve uma experiência de utilização da internet. Essas pessoas têm de ter uma resposta, porque num contexto de pandemia e confinamento o canal digital é essencial para a manutenção de alguma normalidade e participação, comunicação e até capacidade de trabalho à distância”.
Mesmo num contexto desafiante quanto às competências, Aragão de Azevedo refere que o país “está a ter boas notícias” nos resultados preliminares de alguns estudos, estando a “encurtar o fosso face à média europeia em competências digitais básicas, o que é bastante positivo”.
Já a nível de competências digitais da população ativa e em skills mais especializadas, que possam dar acesso ao mercado de emprego das tecnologias de informação (TI), é dado como exemplo o programa UpSkill, destinado a formação intensiva nas TI, em parceria com o IEFP, universidades , politécnicos e empresas. “Foi um esforço grande, diria de disrupção com o modelo mais tradicional, em que as ofertas estavam em certa medida desatualizadas. O que fizemos foi trazê-las para 2021”, detalha, notando a importância do diálogo com as empresas, que “transmitiram aquilo de que estão à procura e aquilo que querem para efeitos de contratação”.
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E esta poderá ser uma das explicações para “a capacidade de atração do país do ponto de vista de captação de mais investimentos na área tecnológica”, diz. Num setor que tem conseguido manter-se em contraciclo económico, com capacidade de crescimento, o responsável considera que “do ponto de vista de atração de novos investimentos e de empresas que estão a mudar as suas operações para Portugal ou a iniciar os seus projetos de maior base tecnológica, Portugal é objetivamente reconhecido porque, do ponto de vista das competências e da nossa população ativa, temos tido capacidade de responder àquilo de que estas empresas estão à procura”.
Questionado sobre se têm existido contactos ou pedidos de informação para a instalação de negócios em Portugal, o secretário de Estado refere que “sim, algumas empresas já sinalizaram “, destacando “algumas companhias americanas que nos têm abordado com pedidos de informação”. Neste campo, o governante destaca a “relação estreita com a AICEP” para promoção do país como “destino de investimento tecnológico”.
Mas há mais, além de empresas norte-americanas. “Temos detetado um aumento de procura de empresas de base tecnológica, algumas americanas, mas de todas as geografias, desde a Índia, a países da América do Sul, também na lógica de internacionalização para a Europa, e que de facto encontram em Portugal esse espaço de oferta de valor muito interessante”, resume.
Ao longo do último trimestre de 2020, o governo anunciou memorandos de entendimento com tecnológicas como a Google, Microsoft ou a Amazon Web Services, alicerçadas em formação de recursos humanos e investimento no país. “Achamos que é essencial, neste objetivo de liderança do digital, trabalhar também de uma forma estreita com os líderes digitais neste mercado, e é essencial ter o contributo deles para nos ajudarem naquilo que são as ofertas de capacitação, apoio ao empreendedorismo, à empregabilidade, até porque são entidades absorventes destas novas competências”, aponta André de Aragão Azevedo.
O responsável destaca que estão mais acordos “na calha”, indicando que “muito em breve” será feito um anúncio de um novo protocolo com mais “uma empresa de base tecnológica que reforçará a presença em Portugal”.
Esta empresa também “vai ter um investimento forte, não só do ponto de vista estratégico de área de atividade, mas também de recrutamento”, detalha, apontando que estarão a “ser ultimados os termos do protocolo”, mas que “as áreas de investimento já estão perfeitamente estabilizadas”.
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