Portugal está entre o grupo de países onde o envelhecimento da população terá maior impacto negativo no crescimento económico. De acordo com as simulações da Moody’s, o impacto no produto interno bruto (PIB) nas próximas duas décadas é significativo, podendo representar um recuo do PIB potencial para zero ou abaixo desse valor, ou seja, estagnação económica.
“Na ausência de um crescimento da produtividade ou outras medidas que impulsionem o crescimento potencial”, o efeito do envelhecimento é maior em cinco das 12 economias analisadas, incluindo Portugal.
Por outro lado, “sob o pressuposto de que não há compensação de políticas, a Alemanha, a Espanha, a Itália, Portugal, o Japão e a Grécia observam desacelerações acentuadas no crescimento do rendimento per capita durante grande parte das décadas de 2020 e 2030″, assinala o relatório da agência de notação financeira, divulgado esta quarta-feira.
A Moody’s refere ainda que, dada a queda de rendimento, também restringe a capacidade dos governos “para mitigar o impacto orçamental do envelhecimento”.
A solução está na produtividade
“Dada a evolução demográfica esperada e a fraca compensação dada pela imigração e pelo aumento da participação no mercado de trabalho”, a Moody’s acredita que só com uma aceleração “substancial do crescimento da produtividade é que pode “evitar uma desaceleração do crescimento potencial para taxas muito baixas.”
“O esforço desse desafio é ilustrado pela taxa de crescimento anual da produtividade necessária para manter o crescimento do PIB potencial a uma taxa de referência de 1%, assumindo a taxa de produtividade real baseada na média dos últimos 20 anos e o gap de produtividade entre os dois indicadores”, refere a agência de rating. Neste caso, a Itália enfrenta o gap maior, seguida do Japão, da Grécia, de Portugal e por fim da Espanha.
Para compensar o abrandamento da economia, a Moody’s aponta o “investimento tecnológico que promova a inovação e maior eficiência, incluindo a inteligência artificial, a automação, a robótica ou a economia da partilha” que poderão contribuir para a aceleração do crescimento da produtividade.
O impacto no rating
As consequências negativas vão para além do PIB, com efeitos no rating da dívida pública. “O envelhecimento da população terá um impacto significativo no perfil de crédito de um conjunto de economias avançadas”, indica a análise da Moody’s.
“Embora as implicações nos indicadores de crédito soberano se manifestem lentamente, e a menos que os governos ajustem e implementem medidas eficazes de mitigação, haverá impactos acentuados no crescimento económico, um abrandamento drásticos nos rendimentos e o aumento do peso da dívida, que vão fragilizar a situação económica e orçamental”, indica Marie Diron, diretora do departamento de risco soberano da Moody’s, citada num comunicado emitido esta quarta-feira.
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