Portugal não deverá apresentar um nome para o lugar de economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), indicou o governo esta segunda-feira, no final da reunião do Eurogrupo (conselho informal de ministros das Finanças da zona euro. O atual assento no conselho executivo do BCE é ocupado por Peter Praet, que termina o mandato a 31 de maio.
Em declarações aos jornalistas, Ricardo Mourinho Félix, disse que “neste momento, não me parece que Portugal tenha um nome que apresente. Portugal tem várias posições internacionais muito importantes e, neste momento, neste caso concreto, Portugal não deverá avançar com nenhum”, declarou, citado pela Lusa.
Uma das posições “muito importantes” é a presidência do Eurogrupo, ocupada há um ano pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.
O secretário de Estado reagiu ainda à revisão em baixa das previsões de crescimento da economia para este ano, por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), dizendo que mantém a projeção de 2,2% em 2019 pois esta continua a ser “realista” até porque está feita dentro de margens de segurança.
Relativamente ao tema BCE, cada mandato de topo na instituição (os seis membros da comissão executiva, que inclui o presidente e o vice-presidente) tem uma duração de oito anos.
Praet, que é o economista-chefe, sai a 31 de maio. O próximo a deixar o cargo será Mario Draghi, o presidente da autoridade monetária, que termina funções a 31 de outubro, indica o Eurogrupo.
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Peter Praet sai do BCE a 31 de maio. Fotografia: REUTERS/Ralph Orlowski
“O processo foi lançado hoje, portanto agora é altura de os países apresentarem, caso entendam, os candidatos que consideram terem as competências e a capacidade para desempenhar essa posição, que é uma posição de grande relevância na área do euro”, declarou Mourinho Félix, acrescentando que “não tem conhecimento” de qualquer candidatura ao lugar do economista-chefe Praet.
Estaria a falar em termos formais já que nos corredores corre o nome de um grande favorito ao cargo que vaga no final de maio. É ele Philip Lane, atualmente o governador do banco central da Irlanda.
O nome do candidato terá de ser decidido no Eurogrupo e sufragado no Ecofin para depois ser aprovado pelo Conselho Europeu em coordenação com o Parlamento Europeu e o próprio conselho de governadores do BCE.
Orçamento tem uma base “realista” e “prudente”, diz Mourinho
“As previsões têm margens de confiança e, portanto, uma previsão de 2,2% neste momento continua a ser uma previsão realista. Obviamente que o balanço de riscos em torno dessa previsão, à medida que o tempo vai passando, tem de ser analisado para perceber se os riscos estão mais do lado descendente ou ascendente. Mas a altura própria para rever as previsões é a do Programa de Estabilidade [em abril]”, declarou secretário de Estado Adjunto e das Finanças, citado pela Lusa.
Mourinho reiterou ainda que o Orçamento do Estado de 2019, que assenta no cenário macro que dá os tais 2,2% de crescimento, está feito com pressupostos “prudentes”, considerando “um cenário central que tem uma margem que é apresentada nesse próprio Orçamento”.
O Orçamento foi feito em outubro e depois disso já algumas entidades atualizaram os seus cálculos, apontando para uma expansão mais fraca este ano. É o caso do FMI e do Banco de Portugal que em dezembro desceram a previsão para 1,8%.
Mourinho insistiu, defendendo que “obviamente que estamos a acompanhar a evolução da situação económica, e no Programa de Estabilidade é altura de reavaliar os números. Não se reavaliam projeções numa base mensal, porque os dados vão saindo e é preciso perceber as tendências e não reagir à informação de conjuntura que tem grande volatilidade. Mas tomamos nota das previsões que têm sido publicadas recentemente.”
FMI desbasta crescimento
Recorde-se que esta tarde, no âmbito ds projeções intercalares, o FMI fez uma forte revisão em baixa do crescimento de vários países, sobretudo das maiores economias da zona euro, onde estão os principais parceiros económicos de Portugal.
Face às projeções de outubro, o FMI diz agora que a zona vai crescer menos três décimas (1,6% em 2019). A Alemanha levou o maior corte (menos seis décimas), só devendo crescer 1,3% este ano. França perdeu uma décima, ficando com uma previsão de 1,5%. Itália levou um corte 0,4 pontos, o maior a seguir ao alemão, e só deve crescer uns meros 0,6% em 2019. Espanha ficou na mesma, com uma projeção de 1,9%, diz o FMI.
O crescimento económico global também sairá pior do que o esperado. Em outubro, o Fundo previa uma expansão mundial na ordem dos 3,7%. Agora, tudo aponta para 3,5%.
(atualizado às 20h20 com mais dados do FMI)
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