//Portugal paga juro mais baixo de sempre para se financiar a dez anos

Portugal paga juro mais baixo de sempre para se financiar a dez anos

O Tesouro pagou menos de 1,3% para se financiar a dez anos, o juro mais baixo de sempre numa emissão nesse prazo. Portugal foi esta quarta-feira ao mercado de dívida. Encaixou 1,25 mil milhões de euros, o montante máximo pretendido, em títulos a sete e a dez anos.

Na maturidade mais longa o juro foi de 1,298%, o que compara com os mais de 1,5% no leilão a dez anos no mês passado. Neste prazo foram colocados 862 milhões. A sete anos, o custo da emissão foi de 0,763%, tendo sido emitidos 388 milhões de euros, segundo dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP)

A entidade liderada por Cristina Casalinho decidiu avançar com a operação numa altura positiva para a dívida portuguesa. Os títulos nacionais foram dos que mais beneficiaram com a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de indicar que os juros de referência vão demorar mais tempo que o anteriormente previsto a sair de mínimos e que haverá mais uma ronda de empréstimos baratos para a banca.

A dívida portuguesa é uma das apostas de alguns bancos internacionais, como o Deutsche Bank e o JPMorgan, por exemplo. O banco alemão, numa nota a que o Dinheiro Vivo teve acesso, defende que a dívida portuguesa “beneficia indiretamente da retórica do BCE e diretamente do fluxo do programa de compras”. Essa perspetiva levou os juros portugueses a aproximarem-se dos de Espanha. A taxa nacional é quase metade da que é exigida a Itália.

Além do efeito BCE, há analistas a realçar que a dívida portuguesa está também a aproveitar a tendência positiva dos ratings. Depois de ter reconquistado o selo de grau de investimento junto da S&P (em setembro de 2017), da Fitch (em dezembro de 2017) e da Moody’s (em outubro de 2018), as apostas são de que a avaliação continue a melhorar.

“O rating de BBB- de Portugal será alvo de revisão pela S&P na sexta-feira e a perspetiva atual é positiva desde setembro de 2018, aumentando as probabilidades de uma possível subida”, realça o Deutsche Bank. No entanto, Cristina Casalinho indicou numa entrevista recente ao Dinheiro Vivo/TSF que esse não era um dado adquirido.

A presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública disse que “muitas vezes o primeiro ponto de possibilidade de alteração não é utilizado. Neste caso pode não ser utilizada porque há revisão do quadro macroeconómico a nível europeu, as eleições europeias, uma série de fatores que não são específicos de Portugal mas que podem retrair a decisão”.

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