Portugal conseguiu fechar o financiamento do ano sem problemas de maior, apesar da instabilidade sofrida pela dívida italiana. O Tesouro financiou-se em 1,25 mil milhões de euros a cinco e a dez anos. Na maturidade mais longa o juro baixou face à última emissão comparável. No prazo mais curto a taxa subiu.
Esta operação fechou as emissões de dívida de médio e longo prazo deste ano. No total, o Tesouro emitiu mais de 16 mil milhões de euros, um valor superior à meta prevista de 15 mil milhões. Este aumento deveu-se à intenção de fazer mais reembolsos antecipados ao Fundo Monetário Internacional.
Portugal colocou 752 milhões a dez anos com uma taxa de 1,908%, segundo dados da Reuters. Menos que os 1,939% pagos na última emissão comparável, realizada em outubro. A cinco anos foram emitidos 498 milhões com um juro de 0,702%, acima dos 0,647% da última operação com prazo semelhante, feita em setembro.
Quando anunciou a emissão desta quarta-feira, no final da semana passada, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) explicou que “com este leilão, tenciona pagar antecipadamente parte do empréstimo do FMI”.
Ricardo Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, tinha já sinalizado essa opção numa intervenção no Parlamento. Depois disso tinha especificado, numa entrevista ao Jornal Económico, que o Tesouro pretendia reembolsar dois mil milhões de euros até final do ano.
O empréstimo inicial da instituição liderada por Christine Lagarde foi de mais de 26 mil milhões. Falta abater 4,6 mil milhões de euros. Mas Portugal precisa ainda da autorização formal do Mecanismo Europeu de Estabilidade para poder fazer novos reembolsos ao FMI, que já foi solicitada.
Juros resistem a pressão italiana
Portugal obteve taxas historicamente baixas na última emissão de Obrigações do Tesouro do ano. Isto apesar do aumento das preocupações com Itália. Roma não fez concessões a Bruxelas na disputa sobre os planos orçamentais para o próximo ano. E arrisca sofrer penalizações da Comissão Europeia, o que está a levar a uma subida das taxas da dívida italiana. A dez anos, estão perto de 3,5%.
Ainda assim, Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, observou, numa nota enviada às redações que “o prémio de risco da dívida portuguesa não está a subir, apesar da situação italiana, aliás, mesmo o spread da dívida italiana não está a alargar”.
O responsável do banco acrescenta que “emitimos em linha com o mercado e de acordo com as nossas expectativas que eram de uma taxa inferior a 0,8% na dívida a 5 anos e abaixo dos 2% na dívida a 10 anos. A taxa a 5 anos subiu ligeiramente e a dos 10 desceu um pouco, variações sem grande significado”
Filipe Silva conclui que “continua a ser muito positivo a emissão de dívida de médio (5 anos) e de longo prazo (10 anos) a taxas baixas. É assim que se consegue reduzir o custo médio da dívida portuguesa”. As taxas a que Portugal se financiou são bem mais baixas que o custo médio da dívida que era, no final de 2017, de 3%.
Atualizada às 11:03 com mais informação
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