
Autoridades do Turismo de Portugal preveem duplicar o número anual de turistas argentinos até 2029 e multiplicar por dez até 2035, datas que podem ser antecipadas se a TAP iniciar um voo direto entre Lisboa e Buenos Aires.
“Estamos com cerca de 75 mil argentinos por ano a visitar Portugal, temos o objetivo de chegar a 100 mil até o final de 2026 e de duplicar nos dois ou três anos seguintes”, indicou à Lusa a administradora do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, Lídia Monteiro, este sábado, durante a abertura da Feira Internacional de Turismo (FIT) de Buenos Aires, a maior da América Latina e terceira maior do mundo.
Até ao próximo dia 30, Portugal tem a oportunidade única de aproveitar a vitrina que significa ser o país de honra no evento da Argentina.
“Nós esperamos que a presença como país convidado nesta feira possa despertar, dentro deste mercado da Argentina, uma curiosidade para Portugal e, deste modo, possa aumentar o número de viajantes desde a Argentina para o nosso país”, avança Monteiro, à medida que os visitantes da feira descobrem queijos e doces no estande de Portugal.
O caminho para a meta de, pelo menos, 200 mil turistas argentinos começa nesta FIT2025 e desenha-se como um número conservador, dado o terreno praticamente virgem para as autoridades do Turismo de Portugal, mais habituadas, nesta região, com o Brasil.
“Poderiam ser mais de 200 mil porque nós acreditamos mesmo que este é um mercado em que as nossas relações, do ponto de vista cultural, já são fortes, facilitando que os argentinos tenham interesse em visitar Portugal”, admite.
Ao lado de Lídia Monteiro, o coordenador da instituição para a América do Sul, Bernardo Barreiros Cardoso, aposta mais forte. “Eu quero atingir um milhão de turistas argentinos em Portugal daqui a 10 anos. Esse é um número razoável, considerando que Espanha recebe 2,5 milhões de argentinos, bem ao nosso lado. É questão de trabalhar bem esse mercado”, acredita.
As datas podem ser antecipadas, se as autoridades portuguesas conseguirem superar o desafio de estabelecer um voo direto entre Lisboa e Buenos Aires, atualmente inexistente. Todo esforço diplomático aponta para a TAP.
“Sim, esse é um grande desafio, sem dúvida. Se isso acontecer, dependerá do volume da própria conectividade (frequência de voos e capacidade dos aviões), mas nós temos sempre de pensar que uma conectividade aumenta diretamente, pelo menos, 25% do fluxo turístico. E sabemos que o turismo tem um impacto indireto na economia, estimulando outros negócios”, ensina Lídia Monteiro.
A outra alternativa seria conseguir que a estatal Aerolíneas Argentinas ligasse Buenos Aires a Lisboa, mas a companhia tem passado por uma profunda reestruturação interna, com falta de aviões e com planos, inclusive, de privatização. Consultado pela Lusa, o presidente da Aerolíneas Argentinas, Fabián Lombardo, descartou a hipótese, para já, de um voo direto.
Esta é a primeira vez que Portugal participa da Feira Internacional de Turismo da América Latina, trazendo treze empresas de turismo (agências, operadores turísticos e hotéis), além de três regiões do país representadas (Porto/Norte, Alentejo e Centro).
“Assim que fomos escolhidos como país convidado, as empresas portuguesas demonstraram um grande interesse no mercado argentino. Estamos a iniciar uma relação empresarial que representa um grande desafio para essas empresas”, observa Lídia Monteiro.
Sete artistas argentinos foram convidados para desenhar regiões de Portugal em aquarela e desenho à mão. Neste sábado, a Lusa viu os artistas pintarem o Algarve, o Alentejo, os Açores, o Centro de Portugal, Lisboa e a Madeira.
Todos os dias, até 30 de setembro, o estande de Portugal terá degustação de azeites, queijos, licores e doces portugueses.
O turista argentino é maioria no final de semana, enquanto os operadores têm predominância nos dias de semana. Os primeiros querem descobrir Portugal, os segundos fecham pacotes que lhes são oferecidos, com hotéis e voos, por enquanto com conexões no Brasil ou em Espanha.
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