//Portugal tem relação de 12 mil milhões de euros com os 2 países mais infetados

Portugal tem relação de 12 mil milhões de euros com os 2 países mais infetados

A economia portuguesa tem uma relação comercial avaliada em cerca de 12 mil milhões de euros (valor anual de 2019) com a China e a Itália, os dois países mais afetados pela epidemia do novo coronavírus, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pela agência de promoção externa, a AICEP.

A este valor acrescem os ativos de investimento direto estrangeiro (stock de capital e instrumentos de dívida), que no ano passado foram avaliados em quase 4 mil milhões de euros pelo Banco de Portugal: 2,6 mil milhões de euros em investimentos de origem chinesa, mais 1,3 mil milhões de euros em investimentos italianos.

Exportações

De acordo com um levantamento feito pelo Dinheiro Vivo (DV), as exportações totais (bens e serviços) de Portugal para China e Itália estavam a evoluir de forma ainda favorável em 2019. As vendas para Itália, que é o sétimo melhor cliente de Portugal, estavam a crescer mais de 10%, totalizando 3,5 mil milhões de euros.

O mercado chinês tem vindo a perder força por causa de uma série de bloqueios comerciais, mais ainda assim absorveu quase mil milhões em exportações nacionais, mais 1,6% que em 2018.

Importações

Portugal também precisa destes dois países para funcionar, tendo comprado 7,3 mil milhões de euros em importações a ambos os mercados. Desta perspetiva, a relação estava a correr relativamente bem em 2019. As vendas da China aumentaram quase 25% em 2019; as de Itália cerca de 3%.

Itália fechou fronteiras e colocou todo o país no equivalente a uma quarentena nacional e a China, onde a expansão da epidemia está a perder força, ainda continua com muitas limitações a nível industrial e noutras atividades económicas.

Uma análise mais fina às importações que Portugal faz dos dois países dá uma ideia onde é que pode haver ruturas ou perturbações no abastecimento aos mercados em Portugal, seja em produtos de consumo final, sejam em produtos intermédios que servem para fabricar produtos finais.

Por exemplo, no caso da China o segmento mais importante nas importações portuguesas é o das “máquinas, aparelhos e materiais elétricos; aparelhos de gravação ou de reprodução de som, de imagens”, onde se incluem televisões e acessórios conexos. Quase 41% das compras de Portugal à China é nesta categoria, cerca de 1,2 mil milhões de euros em 2019.

As fibras têxteis são a segunda maior importação. No ano passado, Portugal necessitou de comprar à China quase 900 milhões de euros neste tipo de mercadorias.

O perfil das importações de Itália é relativamente parecido. As “máquinas, aparelhos e materiais elétricos; aparelhos de gravação ou de reprodução de som, de imagens” compradas por Portugal valiam 942 milhões de euros em 2019, segundo a estimativa do INE. Outro tipo de produtos do qual Portugal depende muito é o das “máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos” – aqui, a Itália foi responsável pelo fornecimento de 745 milhões de euros neste segmento.

2020 começa tremido

Os números de janeiro, ontem divulgados pelo INE, ainda que formem uma amostra muito curta, indicam que as importações portuguesas procedentes de Itália começaram a cair ligeiramente (-0,1%). As da China cresceram 10%.

Já as exportações para Itália, que como referido estavam a crescer bem em 2019, afundaram 6% em janeiro deste ano face a igual período de 2019. O mercado chinês também registou uma quebra homóloga relevante, com menos 3% de vendas portuguesas.

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