//Portugal tinha moratórias no valor de 45 mil milhões euros em janeiro

Portugal tinha moratórias no valor de 45 mil milhões euros em janeiro

Em janeiro mais de 45 mil milhões euros em empréstimos estavam suspensos. É o valor total dos créditos abrangidos por moratórias, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

No início do ano, entre o regime público e privado, estavam suspensos 45,7 mil milhões euros em créditos.

Este número representa uma ligeira descida de 0,5 mil milhões, face a dezembro. Uma redução “transversal à generalidade dos setores e finalidades, com exceção dos empréstimos concedidos a particulares para habitação e dos empréstimos às sociedades não financeiras do setor do alojamento e restauração, em que se registaram aumentos no recurso às moratórias de 71 e 38 milhões de euros, respetivamente”, diz o relatório.

O pico da adesão às moratórias foi registado em abril de 2020, o mês seguinte à introdução da medida.

O montante máximo de 48,1 mil milhões de euros foi atingido em setembro de 2020. Desde então, tem-se verificado uma tendência decrescente, alimentada pelo fim de algumas moratórias privadas.

Empresas têm menos devedores, mas mais capital em moratórias

Um terço do total dos empréstimos das empresas (33,2%) está suspenso, abrangido pelas moratórias, segundo dados do Banco de Portugal. Em causa estão 24 mil milhões de euros, que inclui moratórias públicas e privadas.

Já no crédito a particulares a percentagem cai para metade, em janeiro 16% dos empréstimos estavam abrangidos por moratórias, mas estas representavam 20 mil milhões.

Outra nota importante: o capital suspenso nas empresas está concentrado em 54 mil devedores, cerca de 22% do total. Enquanto nas famílias, está disperso por 408 mil, que representam menos de 9% do total de devedores.

Datas e prazos

Há duas moratórias ainda em vigor: o regime público e o regime privado, promovido pela Associação Portuguesa de Bancos. Apenas uma moratória já terminou, a da Associação de Instituições de Crédito Especializado.

A próxima a expirar é a privada, da APB, mas há dois prazos a ter em conta. O crédito à habitação termina no final deste mês, enquanto o crédito pessoal chega ao fim a 30 de junho.

A última a expirar será a pública e também aqui há diferentes prazos. Está prevista a retoma do pagamento de juros em abril e do capital no final de setembro. No entanto, há exceções: as novas adesões continuam com capital e juros congelados até final de setembro.

Os bancos estão atentos à capacidade dos clientes. Segundo o presidente da APB, Faria de Oliveira, em declarações à RTP3, estão a trabalhar com o Governo para evitar um “efeito precipício”. Estão a ser desenhadas soluções, como subsídios a fundo perdido às empresas e capitalização com garantia do Estado.

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