Quatro em cada dez portugueses acreditam que o comércio internacional faz aumentar o desemprego. É o que revela o último Eurobarómetro especial da Comissão Europeia que inquiriu 1009 portugueses ao longo do mês de maio. Comparando com o último questionário sobre o tema realizado em 2010, os cidadãos nacionais mostram-se mais pessimistas. Em 2010, apenas 23% referia a criação de mais desemprego como uma das razões para não estar a beneficiar das trocas com o exterior. Agora são 43%.
Com uma opinião mais negativa só mesmo a Grécia, onde a resposta mais vezes apontada para não estar a beneficiar do comércio internacional é o aumento do desemprego (61%). O Chipre surge ao lado de Portugal com a mesma percentagem.
Os anos da crise que empurraram a taxa de desemprego para níveis recorde não será uma explicação alheia a estas respostas dos portugueses e gregos, onde a taxa de desemprego ultrapassou os 17% e os 27%, respetivamente.
De resto, a preocupação dos cidadãos nacionais com o emprego também se manifesta quando os inquiridos são questionados sobre as principais prioridades da política comercial da UE para os próximos anos. E em primeiro lugar surge a criação de emprego (69%), acima da média europeia (54%). Em segundo lugar no ranking das prioridades surge uma maior escolha de produtos e serviços a preços mais baixos (68%).
Mas também se registou um salto em relação ao que consideram ser os malefícios para a economia europeia. De acordo com o barómetro, quase um terço dos portugueses (32%) acredita que o comércio internacional é mau para a economia dos 28 Estados membros, quando em 2010 apenas 17% referiram esta como uma das razões para não estar a beneficiar das trocas com o exterior.
Por outro lado, os portugueses e os espanhóis aparecem como os mais protecionistas. Uma boa parte dos inquiridos nacionais (31%) afirmaram que a União Europeia deveria “aumentar as tarifas sobre mercadorias importadas para proteger a indústria e os empregos europeus.”
Mas os portugueses são também os que mostram maior acolhimento aos investidores externos. O inquérito da Comissão Europeia refere que quase nove em cada dez (89%) expressam apoio a investimentos de empresas de fora da UE, à frente da Irlanda (87%) e Espanha (86%).
Nem tudo é mau
Apesar disso, os portugueses também apontam benefícios ao comércio internacional. De acordo com o Eurobarómetro da Comissão Europeia, 62% dos inquiridos acreditam que beneficiam de alguma forma das trocas comerciais, sendo que 13% acredita que “beneficia muito” e 49% que “beneficia um pouco”. O inquérito mostra que houve até uma melhoria da perceção nos últimos anos, registando uma avaliação positiva de 16 pontos percentuais face a 2010.
Mas há outras vantagens identificadas pelos portugueses. Quase dois terços (63%) acreditam que estão a beneficiar do comércio internacional porque existe “uma maior escolha para os consumidores” e que os produtos importados são mais baratos (52%), sendo que neste último caso, estamos muito acima da média da UE (36%).
A esmagadora maioria dos portugueses (80%) também indica confiar na UE para “conduzir a política comercial de forma aberta e transparente”, um valor muito acima dos congéneres europeus (59%).
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