//Portugueses pouparam 6,44 euros na prestação do crédito à habitação em 2019

Portugueses pouparam 6,44 euros na prestação do crédito à habitação em 2019

As famílias que no início do ano pagavam uma prestação de 466,03 euros ao banco pelo empréstimo da casa, chegaram a dezembro a pagar menos 6,44 euros. As contas são da Deco e referem-se a um financiamento de 150 mil euros a 30 anos, com um spread de 1% e Euribor a seis meses. Esta poupança deve-se às negativas taxas de juro Euribor do mercado interbancário.

As taxas Euribor continuam em terreno negativo, aliviando as prestações do crédito à habitação das famílias. No primeiro dia de dezembro, a Euribor a seis meses era de -0,345%.

“Podemos avançar que seja natural que estes valores negativos da Euribor se venham a manter durante algum tempo. Se calhar durante mais dois ou três anos. É essa informação que podemos tirar dos mercados financeiros porque os futuros da Euribor indicam que valores positivos só a partir de 2021 ou mesmo 2022 ou 2023”, refere Nuno Rico, economista da Deco, ao Dinheiro Vivo.

A diferença no valor da prestação deste financiamento em concreto em três anos – desde dezembro de 2016 até dezembro de 2019 – é de 8,20 euros a menos.

“Ainda há um ano estávamos a começar a assistir a alguma estabilidade e até uma ligeira subida do valor das taxas de juro e agora este verão voltou a cair”, explica o economista. “O valor mais baixo vem em setembro e depois a partir daí começou gradualmente a subir. É provável que haja esta tendência para a normalização ou pelo menos para se ir aproximando de valores zero.” A Euribor a seis meses passou de -,0363% em agosto deste ano para -0,439% em setembro.

Crédito à habitação em máximos da década

As famílias portuguesas pediram emprestado para habitação um total de 8522 milhões de euros entre janeiro e outubro, revelou o Banco de Portugal, esta semana.

As baixas taxas de juro e a descida do custo do crédito tornam-se apelativas aos consumidores. O cenário preocupa não só o regulador como também a Deco. “O aumentar muito significativamente do endividamento das famílias e o facto de cada vez mais os novos empréstimos estarem a ser de montante superior, leva-nos a algumas preocupações em relação a como é que as famílias vão no futuro suportar eventuais subidas da Euribor, isto é, a eventuais aumentos das prestações”, aponta Nuno Rico, salientando a duração destes contratos, normalmente de três décadas.

O especialista da Deco destaca ainda a possível quebra de rendimentos aquando da reforma ou motivada por uma situação profissional instável, que os portugueses não estão a acautelar no momento de contratar um crédito à habitação.

“Eu não digo que não possa haver aqui espaço para valores mais baixos dos que estão atualmente, mas há cerca de três anos que os valores negativos se mantêm num intervalo relativamente reduzido e pode haver ainda algumas oscilações no sentido negativo. Mas, pelo menos, a médio-longo prazo a tendência será para a normalização deste cenário”, considerando que a taxa de juro negativa é um cenário anormal no contexto do crédito.

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