//Poupança dos portugueses duplicou na pandemia, mas BCE agora pede para gastar

Poupança dos portugueses duplicou na pandemia, mas BCE agora pede para gastar

A taxa de poupança das famílias europeias disparou durante a pandemia (foi o caso de Portugal, onde duplicou face ao final de 2019, para mais de 14% do rendimento disponível), mas a presidente do Banco Central Europeu (BCE) considera que gastar esse dinheiro, que está de lado ou parado nos bancos por motivos de precaução, faz parte da solução para a retoma.

Gastando esse aforro dinamiza-se a procura interna e, de forma indireta, pode até ajudar a subir salários num futuro próximo, acenou ontem Christine Lagarde à plateia do Fórum BCE onde têm assento banqueiros centrais, economistas e políticos. Esta foi o segundo ano em que o evento deve de ser feito em modo virtual.

A recessão da pandemia foi bastante diferente das outras, constatou a banqueira central em mais esta edição Fórum BCE, que entre 2014 e 2019 decorreu num resort de luxo em Sintra até a covid-19 impedir a realização presencial de eventos como este.

No primeiro de dois dias do Fórum, que é dedicado aos desafios da política monetária no pós-pandemia, Lagarde veio pôr um pouco de água na fervura em relação aos medos crescentes em relação à inflação.

Disse que o BCE vai tentar ter calma nas taxas de juro (no sentido da subida, neste caso), mesmo que a inflação dê sinais de aumentos grandes, ainda que localizados. “Não vamos reagir de forma exagerada” por causa disso mesmo, avisou. Parece tratar-se de “choques de oferta transitórios que não têm influência no médio prazo” ao nível da inflação.

Para Lagarde, vivemos “uma fase inflacionista temporária relacionada com a reabertura” das economias pelo que “logo que os efeitos da pandemia passem, esperamos que a inflação diminua”.