//Preço das casas subiu 4,5 vezes mais do que os salários na última década

Preço das casas subiu 4,5 vezes mais do que os salários na última década

Na última década, os preços das casas em Portugal subiram, em média, quatro vezes e meia mais do que o ganho médio dos trabalhadores por conta de outrem.

De acordo com os dados divulgados ontem pela consultora Confidencial Imobiliário, no final do ano os preços das casas em Portugal estava 46% acima dos níveis registados no arranque da década, em 2010. O Dinheiro Vivo fez os cálculos da evolução dos salários dos trabalhadores por conta de outrem: no mesmo período, subiram pouco mais de 10%

O exercício permite perceber a evolução do poder de compra imobiliário da população empregada tendo em conta o custo, cada mais oneroso para adquirir uma casa, sobretudo a partir do fim da crise financeira, com a explosão do turismo.

O ganho médio bruto de um trabalhador por conta de outrem, no final de abril do ano passado (os últimos dados disponíveis), era de 1188,1 euros; em 2010, o ganho médio era de 1036,4 euros. Em termos nominais são mais 157 euros em dez anos, correspondendo a uma variação de 10,4%. O preço das casas registou uma variação de 46%, de acordo com a Confidencial Imobiliário.

O ganho médio inclui “para além da remuneração de base todos os prémios e subsídios regulares (diuturnidades, subsídios de função, de alimentação, de alojamento, de transporte, de antiguidade, de produtividade, de assiduidade, de turno, de isenção de horário, por trabalhos penosos, perigosos e sujos, etc.), bem como o pagamento por horas suplementares ou extraordinárias”, refere o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho Solidariedade e Segurança Social (GEP/MTSS).

2018, o ano do pico
Todos os indicadores começam a apontar para a desaceleração dos preços das casas, sobretudo nas grandes cidades. “É expectável que em 2020 o mercado nacional comece a refletir a tendência já sentida em Lisboa, e que os preços acabem por estabilizar em ritmos mais normalizados”, referiu o diretor da Ci, Ricardo Guimarães.

A variação média registada em 2019, já sinaliza este abrandamento. No ano passado, o preço das casas subiu 14,9%, muito próximo, mas abaixo dos 15,4% registados em 2018, o ano em que se verificou o maior crescimento da década.

A consultora sublinha que o crescimento acumulado de 46% na década “absorve já as perdas de 14% que se observaram entre 2010 e 2013”, sendo este último o ano em que os preços das casas no país atingiram o seu ponto mais baixo.

O ano da maior queda nos preços foi em 2012 com uma variação média homóloga de -6,1%. Foram os anos da crise financeira com o resgate da troika em curso.

Mas se os preços das casas começam a arrefecer, as subidas salariais também estão a marcar passo. O governo sugeriu aumentos de 2,7% aos empregadores privados, no âmbito do acordo sobre competitividade e rendimentos, com o objetivo de segurar quadros e a mão de obra especializada, mas as grandes empresas, como por exemplo a EDP e a Brisa, estão a amarrar as suas propostas de atualização ao referencial avançado para a Função Pública, a rondar os 0,3%, como denunciou Carlos Silva, o secretário geral da UGT, em entrevista ao Dinheiro Vivo.

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