O preço médio do calçado português caiu 4,6% nos primeiros sete meses do ano, situando-se nos 21,98 euros. A indústria exportou 54 milhões pares de sapatos, mais dois milhões do que em igual período de 2017, mas o valor arrecadado é quase 1% inferior, totalizando 1187 milhões de euros. A associação do setor, a APICCAPS, aponta a “crescente sazonalidade” do negócio para esta performance, mostrando-se convicta numa “recuperação” até ao final do ano. “Temos a expectativa de que 2018 será mais um ano de afirmação do calçado português nos mercados externos”, diz o diretor de comunicação, Paulo Gonçalves.
Em causa estão os oito anos consecutivos de crescimento, com recordes sucessivos. Desde 2010, as exportações portuguesas de calçado cresceram 51,5%, para 1965 milhões de euros, período em que o setor criou 7948 postos de trabalho e dá hoje emprego a mais de 40 mil pessoas. Só no ano passado, a indústria reforçou os seus quadros com 1419 novos trabalhadores. No mesmo período, o aumento líquido no número de empresas foi de 53, para 1526. Já o preço médio do calçado exportado cresceu 25,9% e chegou aos 23,67 euros.
Sazonalidade
A decomposição dos números das exportações nos primeiros sete meses permitem atestar a questão da sazonalidade: no primeiro trimestre, as exportações caíram 4,2%; no segundo, cresceram 2,72%. Em julho, subiram 0,12%. Além disso, o tempo também não tem ajudado e os modelos de negócio estão em mutação. As empresas só despacham as encomendas quando estão totalmente pagas, os retalhistas só pagam quando querem mesmo recebê-las, até para diminuir os custos de stockagem. “Os modelos de negócio têm vindo a mudar, com o desaparecimento de muitos pequenos retalhistas e o ganho de protagonismo do comércio eletrónico, mas as exigências são as mesmas, precisam de pequenas séries e de uma capacidade de resposta num curtíssimo espaço de tempo, questões estratégicas para que a indústria se preparou na última década”, sublinha Paulo Gonçalves.
Promoção
Por outro lado, a indústria tem procurado reforçar a sua presença internacional. Só neste ano, são cerca de 200 as empresas de calçado que participam em mais de 60 iniciativas promocionais no exterior. Hoje mesmo arranca, em Itália, mais uma edição da Micam, a maior feira de calçado no mundo, onde Portugal assegura a segunda maior delegação externa (a primeira é a espanhola), com 96 empresas, que respondem por mais de oito mil empregos e 500 milhões de euros de exportações. Destas, quatro são marcas presentes pela primeira vez em Milão: a Gladz, de Oliveira de Azeméis, a Ladrical, de Felgueiras, a Orso Sandals, de Santa Maria da Feira, e a Lapierce, da Batalha. A secretária de Estado da Indústria visita-as hoje.
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