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A presidência espanhola da União Europeia (UE) vai estar focada no reforço das relações com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas (CELAC), com a cimeira entre os blocos a ser um dos principais momentos em Bruxelas.
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Com Espanha, enquanto antiga potência colonial na América Latina, a assumir a presidência rotativa da UE em julho, um dos focos será então o reforço dos laços com a região, tendo como uma das prioridades a “expansão e diversificação das suas relações comerciais e o reforço das suas cadeias de abastecimento, dando especial atenção à América Latina e à Cimeira UE-CELAC”.
Esta atenção especial estará em foco na cimeira da UE com a CELAC, que decorre em Bruxelas a 17 e 18 de julho, e que juntará os 27 líderes dos Estados-membros europeus e dos 33 países da América Latina e Caribe, além dos presidentes das instituições europeias, embora segundo fontes europeias ainda não estejam asseguradas presenças de todos os responsáveis de ambos os blocos.
Será um momento alto para Espanha, no qual recordará a sua história para criar um presente e futuro entre a UE e os países da CELAC em nome dos valores compartilhados e após vários anos de fraca cooperação política, como reconhecido em Bruxelas.
A ascensão da China e a invasão russa da Ucrânia terão justificado esta maior atenção do bloco comunitário relativamente aos países da América Latina e Caribe, que estará na agenda de Espanha nos próximos seis meses e na qual irá ainda propor “uma estratégia prospetiva e global para garantir a segurança económica e a liderança global da UE até 2030”, bem como o “desenvolvimento de indústrias e tecnologias estratégicas na Europa”.
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A Comissão Europeia apresentou, no início de junho, uma estratégia para o reforço das relações com América Latina e Caraíbas, na qual classificou a retoma das cimeiras com o “parceiro estratégico” Brasil como prioridade para a UE, propondo um mecanismo de coordenação permanente.
No âmbito dessa nova agenda para as relações entre a UE e a América Latina e as Caraíbas, a instituição (que tem iniciativa legislativa no espaço comunitário) propôs “o reforço do diálogo” entre a UE e a CELAC, “com cimeiras mais regulares e um mecanismo de coordenação permanente”.
O executivo comunitário propôs ainda o “reforço da cooperação a nível multilateral para enfrentar conjuntamente os desafios regionais e mundiais, em conformidade com os valores, interesses e objetivos comuns”, bem como a “promoção do comércio e do investimento”.
A região da América Latina e Caraíbas é responsável por mais de 50% da biodiversidade do planeta, representando também 14% da produção mundial de alimentos e 45% do comércio agroalimentar internacional líquido.
É ainda uma potência para energias renováveis, com as fontes alternativas a serem responsáveis por cerca de 60% do cabaz energético da região.
A transição ecológica também estará na mira de Madrid e, nestes seis meses, a presidência espanhola quer “reduzir drasticamente a dependência da energia e das matérias-primas, diminuir a fatura de eletricidade, tornar as empresas mais competitivas e criar quase um milhão de empregos só nesta década”.
Mas, “num mundo de incerteza e de crescentes tensões geopolíticas”, é a ambição de unidade política que guia Espanha, que defende ainda como prioridade que “os Estados-membros devem continuar a progredir na integração e a desenvolver instrumentos que lhes permitam enfrentar, em conjunto, os grandes desafios”.
São estas discussões que a presidência espanhola promoverá aquando de outros importantes momentos do seu semestre: a cimeira da Comunidade Política Europeia e a reunião informal dos chefes de Estado de Governo da UE. Ambas realizam-se em Granada em outubro.
Espanha assume a presidência da UE no segundo semestre de 2023, de 01 de julho a 31 de dezembro, num período de grandes desafios para os Estados-membros e para a União no seu conjunto.
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