Meredith Whittaker, presidente do serviço de mensagens Signal, semelhante ao WhatsApp, destaca a questão ética como “a grande preocupação do dia-a-dia” para quem trabalha com Inteligência Artificial. De volta à Web Summit, numa sessão descontraída e inteiramente dedicada a perguntas e respostas, a ex-funcionária da Google afirmou que “não há um truque simples para nos tornarmos num ser humano íntegro”, mas garantiu que tem de haver uma “reflexão constante”.
“Em primeiro lugar, é preciso ter um conhecimento aprofundado de como as tecnologias se desenvolvem, dos dados necessários para construir um modelo. Depois, as considerações éticas [na IA] dependem muito do poder que se tem numa determinada posição. As relações sociais nestes ambientes [digitais] estão muito estruturados por hierarquia. Por isso, precisamos de nos questionar de todos os dias de como podemos ser éticos, de quanto poder temos e do que é que podemos ou não fazer”, explica.
Ainda na dimensão ética, Whittaker falou dos impactos da IA no mercado de trabalho do futuro. Apesar de considerar que “a tecnologia não substitui os trabalhadores”, a presidente da Signal admite que a inovação possa levar a despedimentos. A culpa? É das gigantes tecnológicas.
“Os executivos da Microsoft, Meta e Google vendem os seus sistemas de IA a grandes instituições, argumentando que permitem aumentar o crescimento, os lucros e a produtividade. Os clientes ficam cegos com estas promessas – e isto normalmente leva ao corte de benefícios, de salários, despedimentos… A IA dá um pretexto poderoso [às grandes empresas] para degradar as condições dos trabalhadores. Porém, não é, por si só, uma forma de substituir as pessoas. Aliás, é necessário que haja pessoas para criar, manter e ajustar estes sistemas”, afirma.
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