//Presidente do Montepio apela a cooperação entre empresas, universidades e banca

Presidente do Montepio apela a cooperação entre empresas, universidades e banca

O presidente do Montepio, Carlos Tavares, considerou hoje que a “lógica de cooperação entre empresas, banca e políticas públicas” pode fazer nascer um “caminho diferente do passado, sem prejuízos”, sobretudo a “cooperação entre empresas e universidades”.

O também presidente do Banco de Empresas Montepio (BEM) participou hoje no II Congresso Internacional de Negócios, a decorrer em Aveiro, durante o qual fez um balanço do investimento em Portugal nos últimos 20 anos deixando conselhos para o futuro.

“O que tenho visto é que estamos longe da fronteira tecnológica. Aí entram as políticas públicas – não é a banca que tem esse papel – mas também as empresas. Sobretudo a cooperação entre empresas e universidades. Temos em Aveiro um bom exemplo dessa cooperação com a Universidade de Aveiro”, referiu durante a sua intervenção no painel sobre os Desafios e Oportunidades de Negócio Europa, Estados Unidos (EUA) e China.

Carlos Tavares prosseguiu explicando que é “nesta lógica de cooperação entre empresas, banca e políticas públicas” que pode “nascer um caminho que seja diferente do passado, sem prejuízos”, mas que tem de acontecer “em maior escala”.

“Precisamos de uma escala maior de desenvolvimento do que de bom aconteceu e que neste momento é insuficiente. Espero daqui a uns anos, quando eu já for culpado por aquilo que aconteceu, possa vir aqui fazer um balanço ainda mais otimista do que fiz hoje”, prosseguiu, na altura concluindo o discurso.

Ainda antes, o responsável considerou que, apesar de “desenvolvimentos positivos que devem ser reconhecidos”, o país ficou “bastante aquém”, tendo em conta que a “eficiência marginal do investimento entre 2000 a 2015 foi sistematicamente inferior ao custo marginal do mesmo investimento, em geral”.

“Isso refletiu-se numa estagnação do valor acrescentado do setor industrial que, ao longo dos anos, se mantém em níveis inalterados e, ao mesmo tempo, reflete-se no facto da nossa produtividade não só manter os ‘gaps’ que tem há longo tempo em comparação com a União Europeia ou EUA, mas de algum modo os ter agravado ao longo dos últimos 20 anos”, afirmou.

Carlos Tavares apontou ainda que, apesar do grande crescimento das quotas de mercado das exportações portuguesas, os números são “inferiores ao que eram nos finais dos anos 90”, o que significa que o país cresceu muito, “mas houve outros que cresceram mais que nós”.

“Nesta questão da competitividade tem um papel essencial a inovação. Embora não possamos confundir a inovação com dinheiro gasto em investigação e desenvolvimento. Faz-me confusão termos de gastar ‘x’ % do PIB em investigação e desenvolvimento, não há nada mais falso do que atingir um objetivo de despesa”, apontou o responsável.

“Inovação não tem que se confundir com investigação, desenvolvimento ou ciências, embora sejam muito importantes. O grande desafio é transformar a ciência em inovação, a inovação em produtos e os produtos em vendas”, realçou Carlos Tavares.

Alertou ainda as empresas que investem sistematicamente com base em dívida, dizendo que estas “acabam por criar uma base de capital erradamente financiada, que não resiste aos ciclos económicos, como tem acontecido frequentemente” e que a “inovação é essencial” para ter mais investimento.

“Estamos a tentar fazer o nosso trabalho no BEM mudando a forma de aproximação da banca a estes temas e vocacionando para apoiar as empresas nesta lógica de apoio na subida de cadeia do valor, como disse mais eficiente para os bancos e mais exigente para as empresas que têm de ter noção que esses investimentos exigem financiamento adequado”, disse.

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